Didi: empresa decidiu também competir em preço, definindo tarifas menores para os usuários e melhores retornos para os motoristas (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 11 de novembro de 2019 às 15h13.
Cidade do México - A região da América Latina foi o ponto mais fraco no resultado trimestral da Uber, registrando crescimento de apenas 2%, a pior performance entre todas as áreas em que a empresa de transporte por aplicativo opera.
O principal responsável pelo performance foi a chinesa Didi Chuxing, que no Brasil controla a 99 e está atravessando por rápido crescimento na América Latina.
Tanto Uber quando Didi têm entre os sócios o grupo japonês SoftBank, que prometeu investir bilhões de dólares em empresas de tecnologia da América Latina.
A disputa das duas empresas é mais pronunciada no México, onde a Uber tem na Didi a primeira competidora séria. A empresa chinesa já capturou cerca de 30% de mercado nas cidades onde iniciou operação desde o lançamento no México no ano passado, segundo ex-funcionários da Didi.
Já a Uber Eats, o serviço de entrega de comida da Uber, enfrenta ferrenha competição da colombiana Rappi, que recebeu investimento de 1 bilhão de dólares da SoftBank mais cedo neste ano.
A Didi afirmou em comunicado que "enxerga tremenda oportunidade para crescimento" na América Latina.
"Atualmente, menos de três em cada 10 mexicanos usam serviços de transporte por aplicativos e menos que 1 em cada 10 usam apps de entrega de comida", disse a Didi. "Estamos entusiasmados sobre onde estaremos após 18 meses."
Representantes da Uber e da Softbank não comentaram o assunto.
Espalhando-se por 32 cidades, a presença da Didi no México é a maior da empresa fora da China sob a marca Didi.
A competição além dos táxis é uma novidade para a Uber no México. Antes da chegada da Didi, a Uber tinha 87% do mercado mexicano de transporte por aplicativo, segundo levantamento de 2017 da Dalia Research, empresa alemã de pesquisa de mercado.
Agora, a Uber não só tem perdido mercado como também talentos para empresas como Didi, Rappi e a indiana Oyo, uma startup de hospedagem financiada pelo SoftBank. Até a startup de cozinhas compartilhadas CloudKitchens contratou pelo menos um ex-executivo da Uber na região, afirmaram fontes com conhecimento do assunto.
A Didi tem perseguido sistematicamente os negócios da rival no México, fazendo seus funcionários pegarem Uber para recrutarem motoristas para seu próprio serviço e colocando centros de assistência de motoristas ao lado de instalações da rival. Em Toluca, onde estreou no México, a Didi tentou colocar seu centro de treinamento de motoristas no mesmo complexo de shopping center escolhido pela Uber, mas a empresa conseguiu bloquear a abertura, segundo dois ex-funcionários da Didi.
A Didi decidiu também competir em preço, definindo tarifas menores para os usuários e melhores retornos para os motoristas, afirmaram funcionários da empresa. A companhia identificou uma participação de mercado de 30% como necessária para ter massa crítica para motoristas e usuários.
(Por Julia Love)