A futura Cisneros China deve fazer negócios com países da América Latina em petróleo ou no setor pecuário (Feng Li/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2011 às 15h23.
Nova York - O bilionário venezuelano Gustavo Cisneros está acertando parcerias com bancos chineses para investir na indústria de commodities da América Latina.
O presidente do conselho de administração da Cisneros Group of Companies disse que quer fechar parcerias para concretizar projetos, atrasados por ineficiências do governo, nos setores de energia, agricultura e metais. Os negócios podem ser feitos em países como Brasil, Colômbia, México e Panamá, disse Cisneros.
“Em um ou dois anos você provavelmente verá a presença da Cisneros China, ou China Cisneros, na América Latina, seja em petróleo, ouro ou grandes operações de gado”, disse Cisneros, de 66 anos, ontem em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York. “Eles entendem que não têm conhecimento para promover esses negócios. Eles precisam de resultados agora e nós podemos oferecer resultados.”
Entre as linhas de financiamento concedidas à América latina, os bancos da China, terceira maior fonte de investimento estrangeiro direto na América Latina, emprestaram US$ 10 bilhões à Petróleo Brasileiro SA em 2009, em troca da oferta de petróleo.
Desde 2007, o estatal China Development Bank emprestou mais de US$ 68 bilhões a Brasil, Venezuela, Rússia, Equador e Turcomenistão em troca do fornecimento de gás natural e petróleo. O banco pode ampliar sua linha de crédito para Chile, Peru e alguns países africanos, disse Liu Kegu, consultor do banco, em entrevista em 15 de janeiro.
O Industrial & Commercial Bank of China Ltd., maior instituição comercial da China, disse em abril que pretende abrir um banco múltiplo em São Paulo e se tornar a segunda instituição financeira chinesa, depois do Bank of China Ltd., a ter uma filial no País.
Origem da fortuna
Gustavo Cisneros herdou a companhia de seu pai em 1970 e passou a administrar uma fortuna obtida com a expansão da Venevision, sua emissora de televisão, e a representação de marcas americanas como Studebaker, PepsiCo e Burger King na Venezuela. A fortuna da família é estimada em US$ 4,2 bilhões, segundo a revista Forbes. A companhia tem 58 anos e cerca de 8.000 funcionários.
“O fato é que a China precisa fazer muitos investimentos”, disse Cisneros, que tem residências em Nova York, Miami, República Dominicana e Espanha. “Se juntarmos nossos talentos para fazer novos negócios no Brasil, Colômbia, México, e que sejam de interesse da China, poderemos combinar esses interesses e nos sairmos muito bem.”