Antonio José Carneiro (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2012 às 13h48.
São Paulo - A Chesf estima investir 444 milhões de reais nos empreendimentos de transmissão arrematados no leilão realizado nesta sexta-feira e uma taxa de retorno de dois dígitos, informou o diretor econômico-financeiro da empresa, Marcos Cerqueira.
A empresa do grupo Eletrobras venceu três dos quatro lotes licitados, em um leilão sem grandes disputas - mas com deságio médio de 22,8 por cento- e o diretor afirmou que a empresa já iniciará os trabalhos nos empreendimentos para evitar atrasos na entrada em operação.
Dois dos três lotes arrematados pela Chesf, o B (no Rio Grande do Norte e Ceará) e o C (na Bahia), tem empreendimentos voltados para a conexão compartilhada de usinas eólicas (ICGs), tipos de instalações que a Chesf já arrematou em leilões passados e que estão com obras atrasadas.
"As anteriores todas estão atrasadas... O único problema dos atrasos é ambiental", disse Cerqueira sobre as ICGs que a empresa está construindo no Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia, algumas das quais deveriam entrar em operação já em meados deste ano e outras no ano que vem.
Cerqueira disse que a empresa fará uma reunião com as geradoras que tem usinas eólicas que dependem das ICGs atrasadas, na próxima semana, para tentar mitigar os problemas de atraso. Segundo ele, algumas usinas eólicas também estão atrasadas e não somente as ICGs.
Ele mencionou que a usina eólica Casa Nova da Chesf, de cerca 180 MW, na Bahia, licitada em 2010, ainda não tem licença ambiental e vai atrasar. O parque teria que entrar em operação em 2013.
"O que a gente vai fazer (para empreendimentos vencidos no leilão desta sexta-feira) é iniciar trabalhos que independem de outros", disse ao mencionar as atividades que não dependem da licença ambiental como negociações fundiárias, por exemplo.
Mas o diretor admitiu que os prazos estabelecidos para entrada em operação dos empreendimentos -de 20 meses no caso do leilão desta sexta-feira- "são bastante apertados".
"Se pudessem que os lotes de transmissão fossem à leilão com licença prévia já seria bastante adequado", sugeriu Cerqueira ao se referir ao modelo já aplicado para os projetos de grandes hidrelétricas.
A Aneel disse que o assunto é avaliado pelo Ministério de Minas e Energia mas só no caso dos empreendimentos de transmissão mais complexos.
Disputa no leilão
O lote C foi o único que contou com mais de um proponente no leilão de transmissão desta sexta-feira, sendo que além da Chesf, Alupar e um consórcio formado por Taesa e Cteep apresentaram lances.
A Chesf apresentou um deságio de 33 por cento para esse lote e garantiu uma receita anual pela prestação do serviço de transmissão de 18,2 milhões de reais, a partir do momento em que os empreendimentos entrarem em operação. O investimento estimado no lote é de 243 milhões de reais.
O lote C está no estado da Bahia e servirá também para a conexão compartilhada de usinas eólicas assim como o lote B, também vencido pela Chesf com um deságio de 13 por cento. Com investimento estimado em 118 milhões de reais, o lote B fica no Rio Grande do Norte e Ceará.
O outro lote arrematado pela estatal, o lote A, em Pernambuco, com deságio de 7 por cento, tem investimentos estimados em 83 milhões e, segundo Cerqueira, é destinado ao fortalecimento do atendimento para a Copa do Mundo.
O lote D, que tinha apenas o consórcio formado por State Grid e Furnas inscrito, não contou com nenhuma proposta e segundo o superintendente de Concessões e Autorizações de Transmissão e Distribuição da Aneel, Jandir Nascimento, deverá entrar em outro leilão deste ano após ter investigado o motivo da ausência de propostas.
A Aneel pretende realizar mais três leilões de transmissão em 2012, em maio, agosto e novembro ou dezembro. Os últimos dois leilões já licitariam trechos do chamado "Pré-Belo Monte", que escoarão energia da usina hidrelétrica que está sendo construída no rio Xingu. Já os dois grandes linhões principais do sistema de transmissão de Belo Monte deve ter os estudos finais aprovados no segundo semestre, segundo o superintendente.