Chery: meta é atingir 3% de participação nas vendas de automóveis entre 2017 e 2018 (Natalie Behring/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2014 às 12h44.
Jacareí - Na linha de montagem decorada com balões vermelhos e a presença de 120 funcionários, uma cerimônia marcou na última terça-feira a produção do primeiro modelo Celer na fábrica da Chery em Jacareí (SP). Ainda feito de forma artesanal, só para testar componentes, o carro de cor branca estava enfeitado com laço também vermelho, uma tradição na China.
"Trata-se de cerimônia para dar sorte, encorajar e motivar as pessoas a fazerem um bom trabalho", explica o chinês Roger Peng, de 47 anos, que em janeiro assumiu a presidência da Chery do Brasil. A primeira fábrica de carros chineses no País será inaugurada em agosto com produção pré-série (para testes da linha de montagem) do modelo em versões hatch e sedã.
Em novembro começa a produção em série para venda. Após atraso de um ano, a fábrica inicia operações num momento em que a indústria automobilística passa por uma crise, com produção e vendas em queda e dispensa de trabalhadores.
"Claro que estou preocupado com esse cenário e a matriz me pressiona, mas nosso investimento é para o longo prazo e temos confiança de que o mercado voltará a crescer", diz Peng. Segundo ele, a flutuação econômica também ocorre na China e em outros países.
Segundo Peng, "hoje o mercado pode não ser tão atrativo, mas no longo prazo será". Ter uma base de produção no País, afirma, "é importante para o plano de globalização da Chery".
Meta
Peng diz que a meta é atingir 3% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves entre 2017 e 2018 - quando a fábrica atingirá capacidade de produção anual de 150 mil veículos. "É uma meta alcançável, ainda que o mercado passe por pequenas turbulências." No primeiro ano, a capacidade será de 50 mil unidades.
O Celer brasileiro passou por reestilização e chega com mudanças nas partes frontal e traseira, principalmente no capô e na grade. O modelo nacional terá inicialmente 50% de componentes locais, entre eles motor (que também começou a ser produzido em Jacareí), bancos, suspensão, pneus, baterias, para-choque e parte do painel.
A maioria das peças está sendo adquirida de empresas instaladas a um raio de 100 quilômetros da fábrica que, no futuro, terá alguns fornecedores em seu parque industrial. As partes importadas virão da China.
A Chery não revela o preço do Celer nacional, mas diz que será "justo e acessível". O hatch importado custa R$ 32 mil.
No próximo ano entrará em linha o compacto que substituirá o atual QQ e, em 2016, provavelmente um utilitário-esportivo pequeno, o novo Tiggo, por enquanto chamado de projeto T17. Na fila estão ainda dois produtos em fase de desenvolvimento, tratados como S31 e S32.
Carro global
O investimento de US$ 400 milhões na fábrica de carros e de R$ 130 milhões na de motores foi todo bancado pela Chery. "O Brasil é o primeiro país a ter uma fábrica completa da Chery fora da China, com processos como pintura, usinagem e montagem", informa Peng.
"Nossos carros não são chineses, são globais e vamos fazer um excelente produto no Brasil", diz Peng. "Trouxemos a mais avançada tecnologia que temos na área de pintura, desenvolvida pela Chery e aplicada na nova fábrica do grupo inaugurada no ano passado na China; é um sistema que economiza água e energia."
Na China, a estatal Chery é a sétima maior montadora e a primeira entre as marcas independentes (sem parceria com multinacionais). Foi fundada em 1997 e este ano deve produzir mais de 550 mil veículos, dos quais 190 mil serão exportados. A América Latina, incluindo o Brasil, ficará com 30% desse volume. A intenção da marca é abastecer a região com os carros feitos no País, especialmente Argentina, Uruguai e Venezuela.
O custo Brasil pesou na decisão de ter fábrica, mas ele lembra que a produção local permite rapidez na entrega. Os carros da China levam de quatro a cinco meses para chegar ao País.
Foram os altos custos que levaram a Chery a trazer da China 60% do material usado na obra da fábrica, como as vigas de ferro que sustentam os edifícios.
A linha de montagem está 85% concluída, mas ainda há muitas obras em andamento, principalmente na parte externa. A unidade já conta com 200 funcionários em treinamento.
De janeiro a maio a marca vendeu 3,9 mil carros, mais que o dobro de 2013. Em 2013 foram 8.067 unidades, sob impacto da alta do IPI para importados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.