São Paulo - A câmara de compensação Cetip irá provavelmente crescer em um ritmo mais lento depois de vários anos de robusta expansão, enquanto os mercados de crédito do país se recuperam de uma onda de defaults, retração econômica e condições mais restritas para os tomadores de empréstimo, disseram executivos nesta sexta-feira.

A Cetip, que reportou uma queda no lucro do segundo trimestre enquanto é afetada pelo financiamento de veículos prejudicando as vendas de gravames, "sentiu o aperto de condições mais difíceis nos mercados de crédito", disse o presidente executivo Luiz Fernando Fleury em uma teleconferência.

Enquanto a economia do Brasil se recupera de uma mais acentuada desaceleração em três anos, a atividade nos mercados de títulos e empréstimos irá ganhar tração ao final do ano, na expectativa de Fleury. Assim, os investidores devem ver 2012 como um "ano de transição" no qual o crescimento de receitas deve estabilizar-se em uma tendência mais normal.

Fleury e o diretor financeiro da empresa, Francisco Carlos Gomes, que também participou da teleconferência, não quiseram dar estimativas sobre o desempenho esperado para a Cetip nas principais áreas de negócio --registro e custódia de valores mobiliários e venda de gravames.

A Cetip lucrou 63,51 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 11 por cento em relação aos três primeiros meses do ano e alta de 5,8 por cento ante o mesmo período de 2011. . O lucro ficou abaixo da média de nove analistas consultados pela reuters, de 68,8 milhões de reais.

A companhia teve que aplicar reduções de preço para algumas linhas de produto durante o trimestre, em um movimento que está corroendo a visibilidade de lucros para a Cetip, dizem analistas.

"Na nossa visão, a Cetip terá que ser mais proativa em oferecer mais serviços e descontos para volumes, o que pode ser um entrave para a lucratividade", disse Marcelo Henriques, analista financeiro no BTG Pactual.