Paula Corrêa, CEO da Viação Águia Branca: expectativa de receita de R$ 530 milhões em 2022 (Viação Água Branca/Divulgação)
A trajetória de Paula Tommasi Corrêa, CEO da Viação Águia Branca, é um exemplo de como mudanças estruturais podem ser tomadas na intenção de inovar companhias centenárias — ou, no caso da Viação, septuagenária. Na presidência da divisão de transporte de passageiros da companhia de transporte rodoviário desde 2019, Corrêa tem tentado reformular uma gestão antiga e familiar com um quê de inovação e representatividade.
Em um setor predominantemente masculino, Corrêa — que por dez anos foi diretora comercial e de marketing da companhia — quer provar que alguns aspectos gerenciais da liderança feminina podem vir a calhar. Nesse cenário, parte do esforço da CEO está em promover uma mudança de paradigma no setor, começando pelo conjunto de empresas que compõem o Grupo, hoje com 17 mil funcionários. “Há uma preocupação pela sobrevivência do negócio e entender a importância da participação feminina na liderança é uma caminho para isso”, diz.
Na empresa, dois dos três CEOs são mulheres — entre eles a executiva. A proposta é modernizar um dos principais players de viagens rodoviárias do país partindo da percepção de que inovação vem, em boa parte, de requisitos não tecnológicos. “A tecnologia é só o começo dessa jornada. O foco está em também mudar a cultura da empresa como um todo”, diz.
A preocupação pela digitalização da porta para dentro também vem em momento estratégico. Com a pandemia, o setor de transportes — assim como boa parte dos segmentos ligados ao turismo e viagens — teve de se reinventar e dar espaço a novos modelos de negócios mais preparados para as demandas de um público mais adaptado a processos digitais.
Para ter ideia do baque na empresa, nos primeiros meses da pandemia, houve uma redução de 90% no número de passageiros transportados. Em 2019, foram 10 milhões de pessoas, com uma frota de 700 ônibus.
Agora, Corrêa busca modernizar a empresa, um esforço que começa com a liderança de projetos de digitalização e passa pelo lançamento de um aplicativo próprio para concorrer com os novos entrantes desse setor, vide o caso da mineira Buser. A Viação Águia Branca inaugurou um braço digital, batizado de Águia Flex. Com um aplicativo ou por meio do site, passageiros podem comprar e alterar passagens e apresentá-las em formato de QR Code nos terminais rodoviários para embarcar.
É um lançamento que se une a outros produtos criados desde o início da pandemia. Um deles é o Squad, uma plataforma que facilita a locação de ônibus para grupos, a exemplo do que é feito em eventos corporativos. A solução foi testada pela primeira vez durante a última edição do Lollapalooza, quando artistas, equipes e patrocinadores foram transportados pela Águia Branca.
No longo prazo, a intenção da empresa é fazer dos grandes eventos fonte de pelo menos 30% da receita da divisão de transporte de passageiros — a Águia Branca também trabalha com logística e concessionárias em todo o país.
Somados todos os esforços em modernização, a expectativa é recuperar os patamares pré-pandemia e alcançar uma receita de R$ 530 milhões em 2022. Em abril, a companhia alcançou, pela primeira vez, números de passageiros transportados similares aos de 2019. “Sem dúvida é um desafio, mas estamos numa crescente e a visão em favor da inovação e da modernidade devem ajudar”, diz.
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