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CEO da Uber pode ganhar US$ 100 milhões com IPO; veja quem mais fatura

Além do presidente Dara Khosrowshahi, que deve receber bônus se o IPO for bem-sucedido, os 162 investidores da Uber vão lucrar alto com ações

Dara Khosrowshahi: presidente da Uber substituiu o fundador, Travis Kalanick, em 2017 (Wikimedia Commons/Divulgação)

Dara Khosrowshahi: presidente da Uber substituiu o fundador, Travis Kalanick, em 2017 (Wikimedia Commons/Divulgação)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 24 de abril de 2019 às 06h00.

Última atualização em 24 de abril de 2019 às 11h01.

A empresa de transporte por aplicativo Uber pode ter afirmado que seu lucro só virá a longo prazo, mas os ganhos não serão tão demorados para todo mundo. Com a empresa abrindo capital na bolsa americana em maio, seus atuais acionistas devem faturar bilhões de dólares já nas próximas semanas, com ações quase dobrando de valor.

A Uber tem 162 investidores, segundo o site Pitchbook, já tendo levantado 20 bilhões de dólares desde sua fundação, em 2009. Em seu prospecto em que divulga os números antes do IPO, a empresa reportou prejuízo de 6,8 bilhões de dólares entre 2014 e 2018, maior que o da varejista Amazon no início de sua trajetória. Ainda assim, seu crescimento de mais de 300% no faturamento só nos últimos dois anos e seus mais de 91 milhões de usuários no mundo parecem compensar para os investidores, fazendo a empresa mirar em um IPO entre 100 e 120 bilhões de dólares.

Se a operação for bem-sucedida, um dos maiores vitoriosos do IPO será Travis Kalanick, fundador da empresa e presidente até 2017. Quando deixou o comando em meio a denúncias de assédio entre os funcionários e acusado de incentivar uma cultura corporativa ruim na Uber, ele vendeu 30% de sua participação por 1,4 bilhão de dólares para um fundo da empresa de telecomunicaçoes japonesa Softbank. Ainda assim, o empresário ainda é dono de mais de 117 milhões de ações, ou 8,6% da empresa, sendo o maior acionista individual da Uber. Se as ações forem avaliadas em 60 dólares ou mais no IPO, como aconteceu com a rival Lyft (que fez seu IPO neste mês), Kalanick pode embolsar mais de 7 bilhões de dólares.

Outro que deve faturar alto é Garrett Camp, que pouca gente sabe, mas é o verdadeiro fundador do que mais tarde viria a ser Uber. O empresário criou um aplicativo de transporte com limousines de luxo, e Kalanick, que era seu amigo, adorou a ideia e se juntou à startup. Apesar de Kalanick ter evoluído o negócio, Camp não deixou a empresa, estando no conselho de administração desde o começo. Assim, Camp tem hoje 6% da Uber, ou 82 milhões de ações (cerca de 4,9 bilhões de dólares se feito o IPO a 60 dólares por ação).

Por fim, ainda mais ações que Kalanick ou Camp tem o próprio fundo do Softbank, que é dono de 222,2 milhões de papéis, o equivalente a 16% da Uber. O bilionário japonês Masayoshi Son, dono do Softbank, comprou a maioria das ações justamente na época da saída de Kalanick, quando a empresa vivia uma crise de imagem e os ânimos estavam em baixa, fazendo os japoneses conseguirem os papéis a cerca de 33 dólares na ocasião. Com um IPO bem-sucedido, o conjunto de ações pode passar a valer mais de 13 bilhões de dólares.

O Softbank não deve parar por aí em sua participação na empresa: seu fundo vai investir 333 milhões de dólares na divisão de novas tecnologias da Uber que pesquisa carros autônomos - a chamada Uber ATG (ou Advanced Technologies Group). Embora a Uber ainda esteja muito longe do lucro, o Softbank e os demais investidores antigos da Uber têm a esperança de faturar com o futuro ainda mais do que os bilhões que já ganharão no presente.

Bônus milionário 

Além dos grandes acionistas, um nome que deve rechear a conta bancária se o IPO for um sucesso é o próprio presidente da Uber, o iraniano Dara Khosrowshahi. Khosrowshahi, que assumiu a empresa em 2017, deve ganhar mais 100 milhões de dólares em ações como bônus caso o IPO atinja seu cenário mais otimista, com o valor de mercado da empresa chegando a 120 bilhões de dólares - e se o valor se mantiver nessa faixa por 90 dias.

O executivo chegou à Uber há dois anos para substituir o então presidente Travis Kalanick, tendo como um dos objetivos justamente levar a Uber saudável ao IPO após escândalos de assédio sexual e cultura organizacional prejudicial nos quais vivia a empresa.

Se o IPO for bem-sucedido, fontes disseram ao site de negócios Business Insider que o executivo deve ganhar a opção de compra de 1,75 milhão de ações a um preço mais barato. A Khosrowshahi devem ser oferecidas ações que poderão ser compradas pelo valor de 33,65 dólares, abaixo do preço de mercado, que deve passar de 50 dólares (ainda não se sabe a qual preço as ações serão comercializadas de fato).

Além das ações que poderá comprar mais baratas, o presidente da Uber receberá, de graça, pouco mais de 185.000 ações, informação que é pública e que já estava prevista nos documentos que a empresa divulgou antes do IPO. Tudo isso junto fará o executivo levar para casa cerca de 117 milhões de dólares, segundo os cálculos do Business Insider.

Khosrowshahi já é acionista da Uber: quando aceitou assumir o cargo, em 2017, o executivo havia ganhado cerca de 200.000 ações - o que já lhe renderá na casa dos 12 milhões de dólares após o IPO. Naquela época, Khosrowshahi também recebeu 200 milhões de dólares em bônus somente para assumir o cargo.

Na ocasião, o pagamento chegou a esse valor porque o iraniano teve de deixar para trás 184 milhões de dólares em opção de compra de ações na Expedia, empresa de viagens e tecnologia norte-americana que ele presidia antes de assumir a Uber. Parece ter valido à pena.

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