Eric Olsen: medidas "inaceitáveis" foram tomadas para permitir a continuidade do funcionamento de uma fábrica na Síria (Michele Limina/Bloomberg)
AFP
Publicado em 24 de abril de 2017 às 11h37.
Última atualização em 24 de abril de 2017 às 11h42.
Eric Olsen, conselheiro delegado da gigante suíça do setor de materiais de construção LafargeHolcim, deixará o cargo em 15 de julho, após uma investigação interna sobre os acordos da empresa com grupos armados na Síria para manter em funcionamento uma fábrica no país em guerra.
O Conselho de Administração aceitou o pedido de demissão depois de concluir, após uma investigação interna, que o executivo franco-americano, designado em 2015 para comandar a fusão da francesa Lafarge com a suíça Holcim, "não é responsável nem estava a par" da situação na Síria.
A empresa, objeto de uma investigação preliminar na França, determinou uma investigação interna que concluiu que medidas "inaceitáveis" foram tomadas para permitir a continuidade do funcionamento de uma fábrica na Síria.
A LafargeHolcim admitiu erros "significativos" e afirmou que o código de ética da empresa não foi respeitado.
"Minha decisão está guiada pela convicção de que ajudará a acalmar as fortes tensões recentes sobre a questão da Síria", disse Olsen,.
A empresa é objeto de vários processos, incluindo um do ministério da Economia da França, mas também de ONGs, relacionados aos acordos de 2013 e 2014 com grupos armados para manter em atividade uma fábrica de cimento em Jalabiya, 150 km ao nordeste de Aleppo.
A fábrica, comprada em 2007 pela Lafarge, passou por obras durante três anos e começou a operar em 2010.
Para as obras, a então empresa francesa gastou 680 milhões de dólares, o que era o maior investimento no país fora do setor petroleiro.
De acordo com uma reportagem do jornal Le Monde, a Lafarge pagou um intermediário para obter do grupo extremista Estado Islâmico (EI) garantias para seus funcionários nos postos de controle.
O jornal francês também citou uma garantia do EI para permitir o trânsito dos caminhões de abastecimento da fábrica, assim como a intervenção de intermediários e de negociantes para vender à unidade petróleo refinado pelo EI.
O grupo extremista terminou assumindo o controle da fábrica em setembro de 2014.