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Caso News of the World projeta sombra sobre a News Corp

Grupo mundial pode começar a sentir dificuldades em isolar a crise na unidade do Reino Unido

Prédio da News International, que publicava o tabloide "News of the World" (Getty Images)

Prédio da News International, que publicava o tabloide "News of the World" (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2011 às 12h38.

Nova York - O escândalo das escutas telefônicas e de corrupção que sacode o império das comunicações News Corporation no Reino Unido é acompanhado de perto nos Estados Unidos, onde o grupo tem presença, e onde analistas e especialistas estão preocupados com uma mancha em sua reputação, que pode custar caro à imprensa.

A imprensa britânica, na linha de frente com o fechamento súbito do tabloide dominical News of the World, "é uma parte muito pequena da atividade do grupo, mas as pessoas estão preocupadas que isso possa retardar ou prejudicar a aquisição (da rede via satélite) BSkyB", indicou Michael Corty, analista da Morningstar.

De fato, o governo britânico já congelou a operação, que parecia até o momento muito próxima de obter as últimas autorizações.

Financeiramente, o fechamento do News of the World, mesmo que se trate do jornal de maior tiragem do Reino Unido, tem um impacto "mínimo" no império da comunicação de Rupert Murdoch, ressaltou Thomas Eagan em uma nota para a Collins Stewart.

A versão mundial do jornal representa apenas 115 dos 932 milhões do lucro de exploração anual do grupo no ano fiscal 2009-10, amplamente dominado pela televisão. O jornal britânico, em geral, não tem um grande peso (menos de um quarto, segundo Eagan), e o tabloide recentemente fechado, menos ainda.

O problema, como indicou Marc Pado, analista da Cantor Fitzgerald, é estabelecer até onde vai a responsabilidade pelas infrações cometidas pelo News of the World.

As autoridades "vão vasculhar, e elas podem causar a queda dos atores essenciais do grupo, além do tabloide", disse, indicando que alguns "sugerem que mesmo os jornais clássicos podem utilizar as mesmas táticas para obter informações".


Os analistas consultados pela AFP consideram "prematuro" especular sobre um impacto profundo no grupo News Corp.

"É mais a reputação pessoal de Murdoch (que está em jogo) do que a reputação da empresa", ressaltou Corty. "As pessoas que compram ou vendem os títulos da empresa não se interessam por isso", e se preocupam mais em saber se o grupo tem uma estratégia numérica convincente após o fracasso do site MySpace.

Frank Sesno, professor de Comunicação da George Washington University, considera que "a reputação de todo o grupo está ameaçada por uma coisa parecida".

"A direção do grupo deve mostrar que ela compreende a gravidade do que acontece, porque ela será julgada por meio de suas outras filiais, por sua resposta a esta crise", acrescentou.

Entre os analistas da mídia, alguns foram impiedosos com Murdoch, como Ken Auletta, colunista muito respeitado da revista New Yorker.

"Rupert Murdoch é um empresário brilhante e audacioso. Infelizmente, é também um homem cujos jornais gostam do escabroso. É a cultura que ele criou e da qual seus funcionários estão impregnados".

"Murdoch não pode escapar do escândalo das escutas telefônicas, porque é culpado", previu Auletta no blog da revista.

Dan Kennedy, professor de Jornalismo na Universidade Northeastern, ressaltou que o escândalo atinge "pessoas muito próximas" de Murdoch, em particular o presidente do braço britânico de News Corp, seu filho James Murdoch, e a diretora-geral Rebekah Brooks, que a imprensa considera que possui relações muito próximas com o magnata de origem australiana.

Mas Kennedy disse também que "Rupert Murdoch teve muito sucesso e muitos fracassos simultaneamente" no passado, recusando a "especular" sobre o desfecho do escândalo.

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