Musk: presidente da empresa teve destaque por promessas que não podia cumprir em entrega de carros, brigas com analistas e jornalistas e polêmicas com Tailândia (Lucy Nicholson/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 1 de agosto de 2018 às 06h38.
Última atualização em 1 de agosto de 2018 às 07h34.
Há uma dúvida que ronda o resultado da montadora Tesla nesta quarta-feira: o pior problema está nos números ou na língua de Elon Musk, o presidente da empresa? Musk nos últimos meses ficou marcado por promessas que não podia cumprir em termos de entrega de carros, brigas com analistas e jornalistas e até uma criticada tentativa de participar do resgate das crianças presas na Tailândia — um evento que culminou com ele acusando um dos resgatadores de ser um pedófilo no Twitter.
Mas se a língua de Musk vai de mal a pior, os números da Tesla aparentemente estão começando a melhorar. Apesar de o presidente ter prometido a fabricação de 200.000 Modelo 3, o carro popular e mais acessível da Tesla, até o final do ano passado, nem 10% desse total foi feito. Só no final de junho a empresa alcançou a meta de fabricar 5.000 Modelo 3 por semana — depois que Elon Musk passou quase uma semana dormindo na sede da empresa para trabalhar em maneiras de deixar o que ele chamou de “inferno improdutivo” para trás.
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No trimestre, a Tesla fabricou 53.339 carros, segundo estimativas oficiais da empresa, uma alta de 55% em relação ao mesmo período do ano passado, passando a ser o trimestre de maior produção para a empresa. Com mais fabricação e entregas, o faturamento deve crescer para 3,99 bilhões de dólares, uma alta de 43% em relação ao mesmo trimestre de 2017.
Mas ainda faltam motivos para comemorar. Os prejuízos devem mais do que dobrar com a empresa queimando caixa para aumentar a produção. Algo que Musk parece ignorar: no primeiro trimestre ele comemorou o prejuízo de 710 milhões de dólares porque foi menor do que a expectativa de Wall Street. Se os carros da Tesla não queimam combustível, com certeza queimam dinheiro: analistas já estimam que a empresa deva precisar de uma nova rodada de investimentos antes de 2020 — a dúvida é se o valor será na faixa dos 2 bilhões ou dos 10 bilhões de dólares.
Com um presidente excêntrico e mais números negativos do que positivos, manter um olho em Musk e outro no relatório deve ser a principal preocupação de analistas hoje.