Negócios

Carrefour Brasil vê e-commerce triplicar com coronavírus

Em apenas 15 dias, o grupo tomou 240 decisões para responder ao crescimento da demanda nas lojas físicas e online no Brasil em meio à pandemia da covid-19

Carrefour: entre as medidas estão questões sanitárias para proteger empregados e clientes, além de contratações e congelamento de preços (Nacho Doce/Reuters)

Carrefour: entre as medidas estão questões sanitárias para proteger empregados e clientes, além de contratações e congelamento de preços (Nacho Doce/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 13 de abril de 2020 às 14h40.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 14h48.

O Carrefour Brasil viu seu comércio eletrônico mais que triplicar no último mês como resultado das medidas de isolamento social para conter o novo coronavírus, afirmou à Reuters o diretor presidente da varejista, mesmo com crescentes desafios operacionais em meio à pandemia.

Em apenas 15 dias a subsidiária do grupo francês Carrefour tomou 240 decisões para responder ao crescimento da demanda nas lojas físicas e online no Brasil, incluindo novas medidas sanitárias para proteger empregados e clientes, além de contratações e congelamento de preços.

"Antecipamos algumas ações porque já tínhamos experiência com essa epidemia na Europa, onde começou algumas semanas antes, e agora já estamos até compartilhando iniciativas do Brasil com a França", disse o diretor presidente Noël Prioux em entrevista na sexta-feira.

Com cerca de 3 mil funcionários afastados das funções por pertencerem ao grupo de risco ou apresentarem sintomas de Covid-19, o Carrefour Brasil abriu 4 mil vagas temporárias e planeja contratação de mais 1 mil nos próximos dias, contou o executivo. O grupo conta com cerca de 86 mil trabalhadores no país.

Além de medir a temperatura de todos os seus colaboradores diariamente, a empresa há cerca de 15 dias testou o mesmo com clientes nas lojas físicas. A iniciativa, segundo Prioux, foi bem recebida e agora está sendo adotada em todas as 692 unidades de diferentes formatos.

"Ter febre não quer dizer que a pessoa tem coronavírus, mas temos que proteger todo mundo, então temos um time que pode fazer a compra para pessoa ou damos máscara e luva para ela mesma fazer", explicou. "Agora algumas cidades da França como Nice, por exemplo, adotaram a mesma prática", acrescentou o diretor presidente.

O Brasil registrava 22.169 casos confirmados de coronavírus, com 1.223 mortes, até 12 de abril, mostraram dados do Ministério da Saúde.

Maior varejista alimentar do país, o Carrefour Brasil também intensificou as negociações com fornecedores para evitar escassez de mercadorias e aumento nos preços de 200 produtos de marca própria até 3 de junho.

"Infelizmente alguns produtores subiram os preços e não podemos aceitar... Estamos aportando volumes e, em troca, nossos fornecedores mantêm os preços", disse Prioux, destacando oscilações mais bruscas nos preços de feijão, leite, legumes, verduras e frutas.

No segmento de atacarejo, no qual a varejista opera sob a marca Atacadão, ele observou uma "redistribuição de vendas", com a demanda maior de pequenos mercados, padarias e outros negócios que se encaixam na categoria de serviços essenciais compensando o fechamento de bares e restaurantes por decretos municipais e estaduais.

Enquanto em supermercados, hipermercados e lojas de proximidade clientes passaram a comprar volumes maiores para sair menos de casa, a frequência de compras aumentou significativamente no comércio eletrônico, destacou o executivo.

"Mais que triplicamos as vendas (online) no último mês... Vemos aceleração principalmente em São Paulo e repetição de compras também, mas não sabemos se vai continuar assim no futuro", afirmou.

O Carrefour Brasil registrou crescimento de 40% no total de vendas online no quarto trimestre, de acordo com o balanço mais recente, com salto de 405% no ecommerce alimentar.

Juntas, alertou Prioux, todas as medidas relacionadas ao Covid-19 devem elevar as despesas operacionais, o que por sua vez pode compensar o recente aumento das vendas e limitar as margens.

"Vendemos volumes maiores, mas reinvestimos em custos adicionais... A visão que temos hoje é de que (a margem) não vai mudar e será mais ou menos como antes da crise", disse Prioux, minimizando ainda o impacto do auxílio de 600 reais concedido pelo governo federal a trabalhadores informais.

As ações do Carrefour Brasil exibiam queda de 0,15% no início dos negócios desta segunda-feira, enquanto o Ibovespa recuava 0,4%. Os papéis da companhia encerraram março praticamente estáveis, enquanto o Ibovespa despencou cerca de 30% no mês.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus:

Acompanhe tudo sobre:CarrefourCoronavíruse-commerce

Mais de Negócios

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'