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Slim recebe em dobro dinheiro emprestado ao New York Times

Bilionário está prestes a dobrar seu dinheiro depois de investir US$ 250 milhões em um acordo de empréstimo com jornal


	Sede do The New York Times: lucro de Slim mostra como os donos do jornal pagaram caro pela ajuda
 (Scott Eells/Bloomberg)

Sede do The New York Times: lucro de Slim mostra como os donos do jornal pagaram caro pela ajuda (Scott Eells/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2014 às 17h00.

Nova York - O bilionário Carlos Slim está prestes a dobrar seu dinheiro depois de investir US$ 250 milhões em um acordo de empréstimo de 2009 com o New York Times, o que mostra como os donos do jornal pagaram caro pela ajuda.

Slim, que controla a operadora de telefonia celular América Móvil e é a segunda pessoa mais rica do mundo, segundo dados compilados pela Bloomberg, já teve um ganho de US$ 122 milhões com esse empréstimo para o Times, baseado em taxas de juros anuais de 14 por cento e um prêmio de 12 por cento cobrado da empresa quando sua dívida com Slim foi resgatada, em 2011.

Segundo os termos do empréstimo, o Times ainda deve a Slim ações avaliadas em US$ 141 milhões, com base em seu preço de mercado em 17 de janeiro, graças a opções que ele recebeu para a compra de ações a um preço que, agora, representa um bom negócio.

O empréstimo de Slim ao Times deu à editora tempo para vender alguns ativos e reforçar uma estratégia de assinatura digital para compensar a queda na venda de anúncios. O acordo com Slim exigiu que a empresa-mãe New York Times aceitasse termos que efetivamente reduziram a liquidação no mercado de ações, cinco anos mais tarde.

Ao vender 15,9 milhões de ações a uma fração de seu valor de mercado, a empresa arriscou-se a desistir de mais de US$ 100 milhões que poderia levantar por meio de uma oferta ao público.

“O Times tinha problemas financeiros quanto tomou dinheiro emprestado de Carlos Slim”, disse Thomas Graham Kahn, presidente da Kahn Brothers Advisors, que investe na Times. “Eles passaram de uma posição em que tinham que pagar altas taxas de juros sobre seus empréstimos para outra em que têm caixa líquido positivo”.

Arturo Elias, porta-voz de Slim, preferiu não comentar, assim como Abbe Serphos, porta-voz da Times.


A Times rendeu a Slim um acordo tão lucrativo porque se encontrava sob pressão no começo de 2009, quando uma linha de crédito de US$ 400 milhões estava a meses do fim. Em vez de correr para liquidar empresas em busca de dinheiro em meio ao caos da crise financeira global, a empresa firmou um acordo com Slim, o que lhe deu o fôlego necessário para mais tarde encontrar compradores para unidades como o site About.com e o Boston Globe.

Riscos continuam

Embora o empréstimo tenha rendido uma boa taxa de juros e os warrants tenham oferecido a chance de lucro, o acordo de Slim com a Times não ocorreu sem riscos. Os jornais estavam sangrando com a concorrência por anúncios exercida pela internet. As vendas da Times haviam despencado 8 por cento em 2008 e continuaram caindo todos os anos até 2012.

A empresa ainda enfrenta a difícil tarefa de brigar por assinantes e anunciantes e apenas um em nove analistas que monitoram a ação recomenda sua compra, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Maior participação

Se o bilionário resolver exercer seus warrants e manter as ações, ele seria dono de quase um quinto da Times. O empréstimo de Slim em 2009 levantou preocupações de que um dos mais venerados jornais dos EUA estivesse em dívida com o bilionário mexicano, que enfrenta acusações de manter um monopólio de telecomunicações em seu país natal. “Quem é Carlos Slim e será que ele quer esse jornal respeitado?”, dizia uma manchete do New Yorker. “Vamos ficar de olho no senhor Slim”, escreveu o colunista de mídia Jack Shafer na revista Slate.

Uma aquisição, contudo, é improvável, dada a estrutura de ações de classe dupla, que dá aos proprietários controladores, a família Ochs-Sulzberger, um controle firme sobre o conselho da empresa.

Slim disse, sistematicamente, acreditar que a editora superaria suas dificuldades porque sua reputação e reconhecimento a ajudariam a sobreviver à difícil transição do impresso para a internet.

Como ele disse em uma entrevista, em 2009: “Este é um dos melhores jornais e marcas do mundo”.

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