"Desde crianças, as pessoas têm gasto mais tempo em frente aos equipamentos que convivendo com outras pessoas e com a própria família. A habilidade lógica é desenvolvida, mas a emocional fica defasada", afirma Aráoz em palestra da MDS Brasil, consultoria de seguros e risco (Divulgação/HSM Management)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 13h56.
São Paulo – Esqueça a experiência, a inteligência e as graduações. Para conseguir contratações acertada, não basta olhar o histórico e a capacidade estratégica dos candidatos. A chave é observar as habilidades pessoais.
Essa é a percepção de Claudio Fernández-Aráoz, autor do livro Grandes Decisões sobre Pessoas (DVS, 2010), escolhido pela revista Bloomberg Businessweek como um dos consultores mais influentes do mundo em identificação, contratação e retenção de talentos.
Nos últimos anos, segundo Aráoz, as pessoas têm ficado mais inteligentes. “A cada dez anos, os testes de QI [coeficiente de inteligência] precisam ser remodelados e se tornam mais complexos”, afirma.
O uso de computadores e equipamentos eletrônicos cada vez mais robustos têm sido os principais responsáveis ela evolução exponencial do raciocínio lógico. O ônus desse avanço vem nas relações pessoais.
“A inteligência emocional tem perdido espaço, uma vez que as pessoas estão experimentando menos contatos pessoais”, diz Aráoz. “Desde crianças, as pessoas têm gasto mais tempo em frente aos equipamentos que convivendo com outras pessoas e com a própria família. A habilidade lógica é desenvolvida, mas a emocional fica defasada.”
Pesquisa da Egon Zehnder, consultoria da qual o especialista é sócio, aponta que a inteligência emocional tem sido responsável pelo sucesso dos executivos dentro das companhias. O índice de sucesso executivos com habilidades emocionais bem desenvolvidas chega a 81% na Alemanha e a 80% no Japão – na América Latina, o índice é de 63%.
“Sem olhar para as habilidades pessoais, é praticamente impossível fazer uma boa contratação”, afirma Aráoz.
Aráoz determina três grupos de habilidades básicas, que serão mais ou menos relevantes conforme o cargo e o mercado de atuação da empresa.
Auto-consciência
O auto-conhecimento é o primeiro agrupamento de habilidades fundamentais para um candidato – seja em posição executiva, gerencial ou operacional.
“É importante que a pessoa tenha capacidade de entender as próprias emoções e principalmente tenha consciência de suas forças e fraquezas”, afirma Aráoz.
Além disso, a resiliência, a adaptabilidade e o otimismo também compõem esse grupo. No entanto, é preciso estar atento às demandas de cada posição.“Para alguém que trabalha com fraudes, por exemplo, o pessimismo é mais vantajoso, uma vez que potencializa sua capacidade de identificar problemas. Já para um vendedor, o otimismo deve ser preponderante”, diz.
Percepção social
Mais do que conhecer tecnicamente o tema de trabalho com profundidade, e fundamental que o candidato tenha empatia e percepção de coletividade.
“Essas são habilidades sociais que fazem com que o trânsito dele entre as equipes resulte em ganho de produtividade e eficiência”, afirma.
Gestão de relacionamentos
A capacidade de liderar e de trabalhar em equipe é essencial para empresas que pretendem acertar na contratação. “É importante que a habilidade de solucionar conflitos seja bastante proeminente, para que o relacionamento aconteça sempre de forma resolutiva”, diz Aráoz.
O especialista destaca que relacionamentos éticos são a base da solução de conflitos. Por isso, é fundamental não perder essa característica de vista.