A estatal relatou em seu último relatório, referente ao segundo trimestre, endividamento de R$ 68 bilhões, dos quais a maior parte estava indexada ao dólar (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2011 às 11h56.
Rio de Janeiro - A alta do dólar frente ao real pode afetar o resultado da Petrobras no terceiro trimestre, mas no médio e no longo prazos não causará prejuízo à companhia, afirmou o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa.
Se a moeda norte-americana mantiver a valorização alcançada nas últimas semanas, a dívida de curto prazo da petroleira deverá ser impactada.
"Dependendo de quem é o contratante da dívida, teremos efeito sobre o balanço, mas que é um efeito de curto prazo", afirmou à Reuters o executivo na noite de sexta-feira.
Até esta segunda-feira, o dólar acumula valorização no mês de cerca de 14 por cento frente ao real. Nesta segunda-feira, por volta das 10h, a moeda norte-americana operava em queda de 0,5 por cento.
"Como no segundo trimestre nós apresentamos um ganho financeiro com variação cambial, quando o real se valorizou, agora se o câmbio continuar no nível em que está hoje, no final do mês terei que reportar uma perda", acrescentou o diretor da Petrobras.
No segundo trimestre deste ano, a petroleira obteve lucro recorde de 10,9 bilhões de reais, 32 por cento maior que no mesmo período de 2010.
Barbassa ponderou que a maior parte da dívida da Petrobras é de longo prazo, o que dilui o impacto do dólar.
"Temos um prazo médio em torno de sete anos, então a dívida está casada perfeitamente com as reservas de petróleo que a empresa possui, ou seja, temos dívida em dólar, mas produzimos em dólares; temos um hedge natural", disse.
"Temos muito mais reservas de petróleo do que dívidas", acrescentou Barbassa.
A estatal relatou em seu último relatório, referente ao segundo trimestre, endividamento de 68 bilhões de reais, dos quais a maior parte estava indexada ao dólar. A empresa tem hedge em mais de 50 por cento das operações.
As reservas provadas de petróleo da Petrobras são da ordem de 16 bilhões de barris, mas deverão triplicar com o desenvolvimento das descobertas do pré-sal da bacia de Santos.
Importações
Barbassa minimiza os efeitos do dólar alto sobre as importações da Petrobras.
"Poderíamos falar em algum impacto do dólar sobre a balança comercial da Petrobras só se fôssemos um grande importador líquido", afirmou.
No segundo trimestre, a Petrobras importou em média 721 mil barris diários de petróleo e derivados, contra exportações de 699 mil barris por dia.
As importações de combustíveis devem aumentar, porque a empresa terá de comprar no exterior toda a gasolina extra necessária para compensar a redução da mistura de etanol anidro no combustível a partir de outubro, já que suas refinarias estão no limite da capacidade, disse recentemente o diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, em entrevista à Reuters.
O governo decidiu reduzir a mistura de etanol na gasolina de 25 por cento para 20 por cento, em meio a uma safra de cana menor no Brasil.
A mudança na mistura de etanol na gasolina poderá mais que dobrar a necessidade de importação do derivado de petróleo pelo país.
Para substituir o anidro, o Brasil precisará de 550 mil barris a mais de gasolina por mês, calcula o especialista Adriano Pires, do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Neste ano a Petrobras importou, em média, 400 mil barris por mês de gasolina.
O diretor do CBIE pondera que os preços da gasolina no mercado internacional deverão recuar, o que poderá atenuar a alta do dólar sobre o preço do combustível.
Barbassa afirmou recentemente que a Petrobras tem caixa suficiente para executar investimentos sem precisar correr para realizar captações neste momento de crise.