Os maiores acionistas da BRF são as fundações Previ e Petros, cada qual com pouco mais de 9%, e a gestora de recursos Kapitalo, com 5%. (Victor Moriyama/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2021 às 19h05.
Última atualização em 23 de setembro de 2021 às 20h26.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, nesta quinta-feira, 23, a aquisição de 31,66% das ações BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3), informou a empresa em comunicado divulgado ao mercado. Com o movimento, a Marfrig se tornou a maior acionista da companhia.
O parecer vem quatro meses após a Marfrig iniciar as operações de compra dos papéis BRFS3 na Bolsa. Em 21 de maio, a empresa de Marcos Molina adquiriu 24,33% das ações da companhia. O investimento saiu por cerca de US$ 800 milhões, conforme a EXAME IN adiantou à época. Pouco dias depois, em 3 de junho, essa participação foi elevada para 31,66% do capital.
Na ocasião, a Marfrig afirmou que a aquisição da participação visa diversificar os investimentos em segmentos que possuem complementariedades com seu setor de atuação e que não pretende eleger membros para administração da companhia, exercer influência sobre suas atividades ou promover alterações o controle.
Embora a mensagem oficial da Marfrig seja de que não tem intenção de mudar a administração da BRF, o mercado ainda custa a acreditar que essa será uma posição passiva de longo prazo.
A percepção é de que não faria sentido a empresa adquirir essa fatia e se ausentar de participar de decidir o futuro da companhia no ano que vem. A compreensão é que a paz vai durar, no máximo, até a próxima assembleia geral ordinária da BRF, em 2022, apurou o EXAME IN em reportagem de maio.
A Marfrig é a segunda maior produtora de carne bovina do mundo; a BRF, a líder na produção de carnes de frango e suíno no Brasil e dona de marcas como Sadia.
As sinergias operacionais entre as companhias são consideradas quase nulas. Contudo, isso não muda a leitura, para muitos, de que o movimento faz sentido. Além de a JBS estar turbinando a Seara ao longo dos últimos anos, o entendimento é que ambas — BRF e Marfrig — estão com dificuldades de crescer sozinhas no Brasil.