WeChat, da Tencent: a empresa está tentando competir com a Alibaba combinando mensagens com serviços como compras e jogos (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 14h24.
Hong Kong, Sydney e Nova York - Enquanto a Facebook Inc. investe US$ 19 bilhões na compra da WhatsApp Inc., a meio mundo de distância as gigantes da internet da China estão executando sua própria expansão digital de território.
A Tencent Holdings Ltd., maior empresa de internet da Ásia, a Alibaba Group Holding Ltd. e a Baidu Inc. estão buscando alvos para cobrir os flancos de seus negócios enquanto disputam os 618 milhões de usuários de internet da China.
O Citigroup Inc. prevê que o trio levará os negócios relacionados à internet na China a um recorde neste ano, superando suas 44 aquisições anunciadas desde 2012, avaliadas em US$ 18,7 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Para cada uma das três grandes empresas chinesas de internet existe pelo menos uma fornecedora de tecnologia capaz de atender uma de suas necessidades.
A Qihoo 360 Technology Co., com um valor de mercado de US$ 13,2 bilhões, pode interessar à Alibaba, líder chinesa do comércio eletrônico, por causa de seu software antivírus, disse a Guotai Junan International Holdings Ltd.
O site de viagens da Ctrip.com International Ltd. pode atrair a Tencent, segundo a Riedel Research Group Inc., enquanto a operadora de site de classificados 58.com Inc. pode atrair o maior motor de busca da China, o Baidu, disse a Pacific Crest Securities.
“A China será um espaço disputado para fusões e aquisições nos próximos dois anos e esse movimento será impulsionado, de fato, pela concorrência entre seus três maiores players”, disse Cheng Cheng, analista da Pacific Crest em Portland, Oregon, em entrevista por telefone.
Em todo o mundo, empresas relacionadas à internet já anunciaram US$ 27,5 bilhões em negócios neste ano, lideradas pelo negócio entre Facebook e WhatsApp, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A compra da WhatsApp, que tem sede em Menlo Park, Califórnia, e é até o momento a maior empresa do ramo, pela Facebook tem como objetivo conectar a rede social aos 450 milhões de usuários do serviço de mensagens móveis para seguir no centro das vidas digitais dos consumidores.
Em outra negociação no setor, o SoftBank Corp., que controla a Sprint Corp., terceira maior operadora de telefonia celular dos EUA, pretende comprar uma participação do serviço de mensagens de texto oferecido pela Line Corp., empresa pertencente à Naver Corp., disseram fontes com conhecimento do assunto.
Na China, a importância dos serviços móveis aumentou. Cerca de 500 milhões de usuários no país acessam a internet em dispositivos móveis, segundo um relatório publicado pelo Centro de Informação da Rede de Internet da China, o equivalente à população total da América do Norte.
O Qihoo, que tem mais de 408 milhões de usuários de seus produtos de segurança móvel e é o segundo maior motor de busca da China, pode interessar à Alibaba por oferecer uma forma de reforçar seus negócios de antivírus e buscas, segundo Ricky Lai, analista da Guotai Junan em Hong Kong.
A Tencent, que tem sede em Shenzhen e opera o aplicativo de vídeo, voz e texto WeChat, está tentando competir com a Alibaba combinando mensagens com serviços como compras e jogos.
Alvos da Baidu
Entre os alvos lógicos da Baidu estão o site 58.com, avaliado em US$ 3,2 bilhões, que passou a ser negociado em bolsa em outubro e permite aos usuários venderem de tudo, desde carros até computadores, segundo Cheng, da Pacific Crest.
A SouFun Holdings Ltd., empresa dona do maior site de informações imobiliárias da China, avaliada em US$ 6,2 bilhões, também é uma potencial candidata a ser adquirida pela empresa avaliada em US$ 61 bilhões, disse Cheng.
Com a venda da WhatsApp por US$ 19 bilhões, a busca por alvos tecnológicos pode inflar seus valores, disse Pavel Marceux, analista da Euromonitor International.
“O acordo pode tanto se traduzir em um incremento nos preços dessas empresas quanto aumentar os valores do setor de uma forma geral, de forma semelhante à explosão das empresas pontocom no final dos anos 1990”, disse Marceux, por e-mail, de Moscou.
Apesar disso, não há sinal de que as aquisições na China vão parar, disse John Choi, analista da Daiwa Securities Group Inc. em Hong Kong.
“Essas empresas da internet vêm comprando outras empresas de áreas em que são fracas”, disse ele. “Eu acredito que isso continuará acontecendo”.