Empresa deve apresentar resultados modestos, mas positivos com retomada da economia (Rafa Neddermeyer/JV IMAGENS/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 10 de agosto de 2021 às 07h00.
A varejista C&A vai divulgar os resultados do segundo trimestre nesta terça-feira (10), com a expectativa de resultados neutros a positivos. No primeiro trimestre, a empresa ainda foi muito impactada pelas restrições sanitárias no país e registrou receita líquida 20,6% menor do que no mesmo período de 2020.
Ainda bastante dependente da operação física, a empresa apostou nas promoções para tentar recuperar vendas e perdeu um pouco de margem -- queda de 3,6 pontos percentuais, em números. Ao mesmo tempo, o e-commerce decolou, com a reformulação do site e o início da operação do marketplace, que fizeram as vendas online crescerem mais de 178%.
Nesse cenário, analistas projetam resultados estáveis para a varejista, que ainda não deve se recuperar totalmente da queda de vendas e de margem gerada pela pandemia. “A receita bruta ainda não deve retornar a patamares pré-pandemia, com queda de 10% ante o 2T19, visto que em abril a companhia operou com apenas 23% das horas totais em seu parque de lojas”, escrevem analistas da Eleven Financial em relatório.
Ao mesmo tempo, a expectativa é de lucro líquido positivo por causa de um crédito tributário de R$ 230 milhões, além de otimismo em relação ao plano de expansão da empresa pelo país, com maior eficiência logística. Hoje, são cinco centros de distribuição, com um deles se dividindo entre operações físicas e online. No segundo semestre, este deve ser geridos por robôs e trazer mais eficiência na gestão dos estoques.
Vale lembrar que, em 2020, a C&A direcionou a maior parte de seus investimentos para adaptações de tecnologia -- com foco no site e em sistemas -- além de transformar as lojas físicas em pequenos centros de distribuição. O total investido nessa frente no primeiro trimestre foi de R$ 25,5 milhões, aumento de 168,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse apetite pelo digital, somado aos bons resultados que o setor de vestuário teve -- crescimento de vendas em 1,4% em maio, depois de alta de 4,9% em abril, segundo o IBGE -- além de outros fatores, levam o Inter Research a projetar alta de 17% na receita da empresa na comparação com o primeiro trimestre.
“A C&A tem certa preferência pelos públicos B e C, bom histórico de aceitação das coleções. Além disso, a empresa vem buscando estratégias para se diferenciar de concorrentes como a Renner e tem uma capacidade de endividamento em um bom nível”, diz Breno de Paula, analista do Inter Research.
Mesmo em um patamar confortável, a C&A enfrentou rumores relacionados a uma possível aquisição pela rival, a Renner. Ao anunciar uma oferta que poderia arrecadar até R$ 6,4 bilhões, com todos os recursos sendo destinados ao caixa da empresa, a Renner levantou boatos de possível compra da C&A ou da Marisa.
O movimento, anunciado em abril, animou o mercado por vir quase em sequência dos rumores relacionados à combinação de negócios entre Hering e Arezzo -- sendo que depois a varejista de moda básica fechou negócio com o Grupo Soma, por R$ 5 bilhões. Isso sem esquecer a aquisição da Reserva, no fim de 2020, pela própria Arezzo.
O movimento de consolidação deve continuar, na esteira da recuperação da covid-19 e na capitalização das empresas que conseguiram manter melhores posições durante a crise. Ainda assim, o impacto sentido por quem dependia das lojas fisicas ainda deve permanecer por algum tempo -- ou seja, se a realidade caminha para se tornar melhor para essas companhias, ainda é necessário estar de olhos abertos para vencer na nova era da competição pós-pandemia.