Metal aço aco
Repórter
Publicado em 16 de novembro de 2024 às 11h45.
O setor de aço, responsável por cerca de 8,5% do PIB brasileiro, enfrenta desafios complexos na negociação e logística de materiais – especialmente desde a pandemia de coronavírus, quando toda a cadeia produtiva foi afetada.
Empresas de estruturas metálicas passaram a ter mais dificuldade para obter o material necessário e atender aos contratos. Se não tem aço, tem prejuízo. A escassez gerou um aumento expressivo nos preços, chegando a uma alta de até 50% em certos casos.
Isso colocou as empresas em uma situação complicada: ou pagavam o preço inflacionado para obter aço de distribuidores, ou aguardavam o fornecimento das usinas, o que levava a atrasos nos prazos de entrega e penalidades contratuais.
Essa dinâmica impulsionou a criação de uma plataforma de troca de aço, que logo depois foi nomeada Bubuyog. Fundada pelo engenheiro Eduardo Breda, que viu o problema na prática quando era diretor industrial, a startup da Serra Gaúcha é como o “Tinder do aço” com um ticket médio de R$ 100 mil por transação.
Isso porque a plataforma permite que empresas comercializem suas sobras de estoque, otimizando o uso de materiais e reduzindo custos. Ah, e tudo no anonimato, para garantir que não haja mal-estar entre os competidores.
A Bubuyog foi a grande vencedora da competição de startups que aconteceu no evento Rec ‘n’ Play, festival de inovação que acontece no Porto Digital, em Recife. O primeiro lugar garantiu à empresa uma semana na nova sede do hub de inovação em Aveiro, Portugal.
A premiação abre portas para a expansão internacional da Bubuyog, um dos objetivos de longo prazo da empresa. “O mercado europeu é muito avançado em soluções digitais, e estar lá vai nos permitir fazer benchmarking com outras plataformas e entender como adaptar nosso produto para o mercado internacional,” explica.
Na prática, a plataforma funciona de forma similar a um aplicativo de encontros.
O sistema realiza uma busca de ofertas e necessidades entre os usuários, notificando potenciais compradores de que determinado material está disponível.
Caso haja interesse, as empresas podem negociar diretamente na plataforma, incluindo a possibilidade de fazer contrapropostas.
Tudo é feito no anonimato. As partes só revelam quem são após a transação ser confirmada. Segundo Breda, é um diferencial que aumenta a confiança das empresas ao negociar materiais essenciais.
A logística de entrega dos produtos é realizada por meio de uma integração com a operadora Global Transportes.
Após o fechamento de uma venda na plataforma, a demanda de frete é transmitida automaticamente para a Global, que faz o match com diferentes transportadoras no Brasil para atender ao pedido.
Para facilitar as operações de crédito, a Bubuyog estabeleceu parcerias com instituições financeiras como o banco Randon.
O fundador destaca que a plataforma ajuda a reduzir o desperdício e, consequentemente, a emissão de gases poluentes. "Quando uma empresa consegue vender seu excedente de aço em vez de descartá-lo, estamos contribuindo para um impacto ambiental positivo,” diz.
Segundo dados do setor, a produção de aço é uma das maiores emissoras de CO₂ no mundo. Cada tonelada de aço gera quase uma tonelada de CO₂.
A Bubuyog já registrou vendas de R$ 2 milhões e conta com mais de 300 membros. A expectativa é chegar ao breakeven, ou seja, o ponto de equilíbrio financeiro, em fevereiro de 2025 e alcançar um faturamento de R$ 7 milhões no mesmo ano.
Agora, a startup está em fase de rodada de captação de investimentos para expandir as operações e desenvolver novas funcionalidades para a plataforma. E, claro, se preparando para o clima em Portugal.