Banif: BTG Pactual vai fazer uma joint venture com portugueses para gerir operações no Brasil (.)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2016 às 09h43.
São Paulo - O banco BTG Pactual vai gerir o banco Banif Brasil, segundo informou nesta quinta-feira, 7, o jornal português Econòmico.
De acordo com o periódico, os Conselhos de Administração do Banif e da Oitante, empresa que assumiu parte do banco em Portugal, assinaram acordos com o BTG para formar uma joint venture em que o banco assume num primeiro momento a gestão da instituição e mais tarde poderá comprar os ativos brasileiros do Banif, incluindo o banco de investimentos.
O banco BTG Pactual não quis comentar o assunto. A instituição, há menos de um ano, passou por um período turbulento, com saída de dezenas de bilhões de reais dos fundos e do banco, depois que o ex-controlador, André Esteves, foi preso no âmbito da Operação Lava Jato.
De lá para cá, o BTG vendeu uma série de ativos para fazer caixa e também pagar o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), de quem tomou emprestado cerca de R$ 5,5 bilhões para manter sua liquidez no período de corrida ao banco.
Algumas fontes próximas ao banco se mostraram surpresas com a notícia da joint venture.
O comentário no mercado financeiro foi o de que esse tipo de negócio tem o perfil de André Esteves, que teve que deixar o controle da instituição mas voltou ao banco neste ano depois que teve sua prisão revogada, sem reassumir, no entanto, o cargo de presidente.
Esteves comprou diversos bancos problemáticos no passado, como o Pan, e também alguns como o Bamerindus para aproveitar créditos fiscais e recuperar créditos podres.
Fontes também informam que as contingências do Banif Brasil seriam da ordem de R$ 500 milhões, que envolvem dezenas de ações judiciais com créditos sendo questionados por fundos de pensão e clientes em geral, que acusam o banco de ter desviado seus patrimônios ou feito operações irregulares no mercado imobiliário.
Além disso, o banco tem discussões tributárias em andamento na Justiça.
O banco no Brasil era considerado bastante problemático pelos portugueses. De acordo com o Econòmico, em Portugal, o ex-presidente, Jorge Tomé, disse em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que a operação no Brasil "foi explosiva" e que "o Banif Brasil é um filme de terror".
O administrador atual do banco indicado pelo governo de Portugal, António Varela, disse que as operações do Brasil eram desastrosas. "Não se tratava de má gestão ou simples incompetência. Havia todas as indicações de que se tratavam de atos criminosos."
O Banif chegou a ser citado em algumas investigações da Lava Jato. Um dos pagamentos feitos a Renato Duque, então executivo da Petrobras, teria saído de uma conta do Banif.
O braço brasileiro teria gerado entre 2012 e 2015 perdas de 267 milhões de euros. Há cerca de dois anos, na tentativa de melhorar a gestão, uma nova diretoria assumiu o banco no Brasil. Nesta quinta-feira, 7, não foram encontrados para comentar a notícia.
De acordo com dados do Banco Central brasileiro, a instituição teve um prejuízo de cerca de R$ 4 milhões no primeiro trimestre deste ano. Mas em 2015 gerou um lucro de R$ 75 milhões. O total de ativos era de R$ 891 milhões e os depósitos de R$ 400 milhões.
Portugal
De acordo com histórico apresentado pelo Banco de Portugal, em 2013, o Banif recebeu uma ajuda do Estado de 1,1 bilhão de euros. Em 2014, não houve o pagamento de uma tranche ao Estado.
A Comissão Europeia começou a investigar a legalidade do auxílio estatal e então o banco entrou em processo de venda. Em dezembro, o Santander Totta comprou a atividade bancária do Banif, o que não incluiu os ativos brasileiros.
Os ativos problemáticos ficaram nas mãos de um Fundo de Resolução, pertencente ao Estado, que assumiu o banco para preservar a poupança dos correntistas.
Pela resolução Banif, o Banif Brasil ficou na parte "podre" do Banif que é gerido por Miguel Alçada. Mas algumas participações foram parar no veículo Oitante (que foi criado pelo governo português para gerir alguns ativos).
Em função disso, foram assinados dois acordos (um do Banif e outro da Oitante) com o BTG Pactual, segundo o Econômico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.