Loja da Oi: a alteração da estrutura da oferta da Oi vem ao encontro do questionamento feito pela CVM (Marcelo Correa/EXAME)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2014 às 10h02.
São Paulo e Rio - Em meio a movimentos para agilizar a oferta pública da Oi, o BTG Pactual, coordenador da operação, alterou a estrutura do processo, que não contará mais com garantia firme de um consórcio de 14 bancos.
A operação será feita sob regime de "melhores esforços de colocação", que tem como objetivo garantir equilíbrio entre oferta e demanda pelos papéis, conforme fontes do mercado.
Esse era um dos empecilhos que restavam para o lançamento da oferta - essencial para a concretização da fusão com a Portugal Telecom. Com a questão resolvida, a expectativa é de que a operação seja lançada nos próximos dias.
A alteração da estrutura da oferta da Oi vem ao encontro do questionamento feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que não considerou válida a garantia firme proposta pelos bancos.
Batizada de "garantia firme de volume", o mecanismo estava condicionado à demanda de ao menos 100% dos papéis pelos investidores. Na visão da CVM, isso não configura uma "garantia firme de colocação".
A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE) da CVM exigiu que para a oferta ser estruturada como garantia firme, os bancos garantidores deveriam adquirir as ações remanescentes caso não houvesse demanda de investidores. Alternativamente, a oferta poderia ser realizada no regime de melhores esforços de colocação, solução encontrada pelo BTG.
Outro fator que pesou para a decisão de alterar a estrutura da oferta da Oi foi o fato de o mercado não ter compreendido muito bem a garantia de volume, na qual não havia um preço definido, de acordo com especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Essa alternativa é mais utilizada no mercado europeu, mas é nova no Brasil, segundo as mesmas fontes.
Em paralelo, haviam desistido da operação Bradesco BBI, Itaú BBA e Goldman Sachs, que não estavam de acordo com as suas posições no sindicato de bancos. Em fevereiro, a Oi informou ao mercado, por meio de fato relevante, a participação de 14 bancos na oferta de ações.
Diante da nova estrutura proposta para a oferta da Oi, os três bancos voltaram a integrar o grupo, segundo fontes. Além do BTG como líder, fazem parte do consórcio o HSBC, Bank of America Merrill Lynch, Barclays, Credit Suisse, BES Investimento, BB Banco de Investimento, Bradesco BBI, Banco Caixa Geral, Citigroup, Goldman Sachs, Itaú BBA, Morgan Stanley e Santander.
Ações
Na quarta-feira, 2, a operadora de telefonia deu mais um passo para o andamento da oferta. A companhia informou a quantidade máxima de ações a serem emitidas, que poderá movimentar aproximadamente R$ 23 bilhões, caso seja colocada a quantidade máxima de papéis estabelecida pelo conselho da companhia, ao preço da cotação de ontem e incluindo os lotes extras.
Trata-se do limite máximo de emissão, o que não significa que a empresa chegará a esse valor. Desde o início do processo a empresa previu que o aumento de capital seria de quase R$ 14 bilhões.
Analistas ouvidos pela reportagem afirmam que a emissão maior ocorre para que a empresa tenha uma margem para garantir o valor previsto.
O analista da corretora Banrisul Fábio Gonçalves calculou que, para chegar aos R$ 14 bilhões, o preço dos papéis na oferta terá um deságio entre 30% e 40% em relação ao valor atual. "A empresa está considerando que terá que pagar um ágio, uma vez que o mercado sabe que ela precisa dessa captação", diz ele, acrescentando que a Oi tem um endividamento elevado.
Outra fonte ouvida pela reportagem afirmou que o numero de ações anunciado implica num preço para a oferta de R$ 2,20. Ou seja, há pressão de queda do preço dos papéis.
Sem as ações suplementares e adicionais, a oferta poderia movimentar aproximadamente R$ 17 bilhões. A operação ocorrerá no âmbito do aumento de capital para a fusão com a Portugal Telecom, que dará origem à CorpCo.
Conforme o prospecto preliminar, o preço por ação ordinária será baseado na cotação da preferencial à taxa de conversão de um 1 papel preferencial para 0,9211 ordinário.
Desta forma, para o cálculo do volume máximo que poderá ser movimentado pela oferta, o preço por ação preferencial considerado seria de R$ 2,95, levando-se em conta o fechamento do papel ordinário ontem. Colaborou Eulina Oliveira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.