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Bruno Rousset, da corretora April: “O Brasil é prioridade”

Bruno Rousset, presidente e fundador do grupo April, veio ao Brasil reforçar que o país está no centro da estratégia de expansão global da empresa francesa

BRUNO ROUSSET, DA APRIL: "acreditamos que daqui cinco anos possamos passar de quase 200 milhões de reais para 500 milhões de reais em vendas" (Patricia Stavis/Divulgação)

BRUNO ROUSSET, DA APRIL: "acreditamos que daqui cinco anos possamos passar de quase 200 milhões de reais para 500 milhões de reais em vendas" (Patricia Stavis/Divulgação)

NB

Naiara Bertão

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 17h22.

Sete meses após a compra da corretora de seguros brasileira Public Broker, a tropa de elite do grupo francês April, uma das maiores corretoras da França, com faturamento anual de 3,5 bilhões de reais e 3.800 funcionários, desembarcou em São Paulo. O motivo foi a apresentação da nova marca do grupo no país, agora já com a Public Broker incorporada na estrutura. Foi a primeira vez, desde a compra da unidade brasileira, que o presidente e fundador do grupo April, Bruno Rousset, veio ao país.

A aposta na Public Broker, corretora de seguros fundada há oito anos pelo ex-tenista Leandro Elias, faz parte de um plano de crescimento no mercado brasileiro. A compra, anunciada em maio do ano passado, não teve seu valor revelado, mas veio para complementar o portfólio que a April já tinha no Brasil, antes limitado a seguro viagem. Com a união dos dois negócios, a April  forma aqui uma filial com vendas de quase 200 milhões de reais e mais de 200 funcionários. De um lado, a nova empresa tem o desafio de desenvolver, a partir da experiência dos franceses, produtos mais assertivos para cada cliente. Por outro, Elias e sua equipe querem mostrar aos franceses como ajudar clientes corporativos a conseguir reajustes de menos de 10% em seu plano de saúde, enquanto a média do mercado ultrapassa 30%. “Entendemos a realidade do mercado brasileiro e sabemos que os reajustes exagerados dos planos de saúde e a alta taxa de sinistros tornam, para muitos clientes, a apólice financeiramente inviável”, diz Leandro Elias, fundador da Public Broker e agora sócio da empresa que passou a se chamar April Brasil Broker. “O que fazemos, e chamou a atenção da April, é justamente a gestão personalizada da carteira do cliente, a busca pela melhor solução para cada um e até o desenvolvimento de um novo produto junto com a seguradora.”

Em entrevista a EXAME, Bruno Rousset conta porque decidiu expandir a operação da April no Brasil e porque escolheu a Public Broker para liderar esse processo.

A April opera no Brasil há quase oito anos. Por que decidiu agora expandir sua atuação no país?

O Brasil é um grande mercado, com mais de 200 milhões de pessoas, e ainda há baixa penetração de seguros. Ou seja, tem um crescimento promissor e, na nossa área, ainda um bom espaço para crescer. Além disso, o país é a principal escolha de muitas empresas francesas para servir como base de expansão pela América Latina.

A crise econômica pela qual o país passa há três anos não atrapalhou os planos da April de crescer aqui?

Não, pelo contrário. O Brasil é um país jovem e que, apesar dos percalços, se desenvolve, tem um dinamismo comercial e um potencial de crescimento que não vemos mais na Europa, por exemplo. Vimos a oportunidade de passar a oferecer mais produtos aos clientes em uma hora em que eles precisavam de soluções para reduzir seus custos com seguros, especialmente em saúde. A procura por seguros na área de saúde cresce a cada ano e queríamos justamente trazer ao mercado brasileiro opções mais adequadas, a partir da experiência que já desenvolvemos na França.

O que a compra da Public Broker, anunciada em maio de 2017, significou para a April?

Já estamos há oito anos no Brasil, mas atuando apenas com seguro viagem. Percebemos que havia um mercado muito grande a ser conquistado e para o qual poderíamos trazer nossa experiência no desenvolvimento de novos produtos. Desde 2015 vínhamos planejando a expansão da April no Brasil e decidimos fazer isso via aquisição. A compra da Public Broker complementa nosso portfólio com produtos voltados para saúde e correlatos, como vida, automóvel e outros que eles já ofereciam no Brasil.

O que chamou a atenção de vocês na Public Broker?

Nós vimos três coisas, em especial. Encontramos na Public Broker um parceiro com quem tínhamos afinidade comercial e que completa nosso portfólio de produtos. Além disso, a cultura das duas empresas é muito similar, focada em resolver o problema do cliente, em buscar a melhor solução para ele. E, por fim, o próprio executivo [Leandro Elias] tem uma história interessante. Como ex-tenista, é focado, tem disciplina e põe a mão na massa. Não somos uma empresa que olha apenas o negócio, mas também o gestor. Nos países em que compramos outras empresas, gostamos de manter esses executivos conosco porque são eles que conhecem bem seu mercado. 

A April tem operações em mais de 30 países. Qual a importância do Brasil para o grupo?

Com as operações April Brasil e Public Broker, que passa hoje a se chamar April Brasil Broker, o Brasil já é quase o segundo mercado do grupo no mundo – a França é o maior. Agora temos um portfólio mais completo e estamos prontos para pensar em novos produtos, como outros relacionados a seguros de saúde. Na Europa, somos fortes em seguros de saúde para expatriados e estudantes internacionais.

Além do Brasil, em quais outros países a April está investindo?

Na nossa estratégia global, o Brasil é prioridade. Em termos de regiões, queremos crescer na América Latina e na Ásia. A China é um mercado em franca expansão, onde crescemos dois dígitos por ano. Em Hong Kong acabamos de comprar uma empresa parecida com a Public Broker. Há seis meses estamos trabalhando na abertura do escritório na Indonésia, um mercado de 300 milhões de pessoas. Além disso, estamos investindo em Singapura e na Tailândia. Na Ásia, temos um grande potencial para vender seguro viagem, uma de nossas especialidades.

A estratégia da expansão da April é sempre comprar algum competidor local?

Depende do país, mas, quando é um mercado distante da França, preferimos comprar alguém que entenda do mercado, saiba adaptar e aplicar nosso modo de trabalhar à realidade local e que acompanhe o dia a dia. É quase um casamento.

No Brasil, ainda pretendem fazer outras aquisições?

Por enquanto não temos esse plano, mas nada impede que daqui um tempo olhemos alguém para comprar. O mercado brasileiro é grande e, se quisermos ser representativos em nível nacional, talvez regionalmente seja interessante comprar uma corretora. As culturas são diferentes em cada região do país, e isso faz com que talvez, amanhã, achemos necessário comprar alguém local para crescer e ter presença nacional. Mas hoje o foco é em consolidar a aquisição da Public Broker e expandir o portfólio de produtos. Amanhã, talvez.

E qual a meta para a April Brasil?

Não temos uma meta definida, mas acreditamos que daqui cinco anos possamos passar de quase 200 milhões de reais para 500 milhões de reais em vendas. Além de novos produtos, vamos investir para aumentar a equipe e o número de corretores que trabalham com a gente, além de ampliar as plataformas e ferramentas para ajudar nossos clientes. 

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