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Britânicos querem divórcio da BBC. Quem ganha é a Netflix

De acordo com telespectadores a favor do Brexit, a emissora pública tem se comportado como uma “fonte de fake news e de notícias tendenciosas”

 (Neil Hall/Reuters)

(Neil Hall/Reuters)

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EXAME Hoje

Publicado em 9 de agosto de 2018 às 06h22.

Última atualização em 9 de agosto de 2018 às 07h24.

Está programado para esta quinta-feira um boicote à rede de informações britânica BBC. Telespectadores, leitores do site e ouvintes da rádio afirmam que não se informarão pela rede nem a mencionarão nas redes sociais, em protesto pela cobrança de taxa para cancelar a licença de televisão.

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A batalha entre telespectadores e governo britânico começou recentemente, por conta de uma taxa de 147 libras esterlinas que foi imposta àqueles que desejassem cancelar sua licença para assistir televisão.

O Reino Unido cobra uma taxa para que os moradores possam assistir aos canais abertos, como a emissora pública BBC. Com o advento de plataformas de streaming como a Netflix ou Amazon Prime, a população britânica tem perdido o interesse em manter essa licença, e por isso tem realizado cancelamentos em massa, deixando de pagar a taxa anual de 145 libras da TV Licence. Estima-se que mais de 780.000 pessoas cancelaram a licença em 2017.

Sem conseguir seguir o ritmo das mudanças, a emissora britânica, fundada em 1922, se tornou o bode expiatório da vez. O boicote programado para hoje é, segundo milhares de tweets e posts nas redes sociais, também motivado pela imparcialidade da emissora em relação ao Brexit.

De acordo com esses telespectadores, a BBC tem se comportado como uma “fonte de fake news e de notícias tendenciosas” em relação à separação do Reino Unido da União Europeia, processo que tem desagradado parte da população britânica. Até como “porta-voz’ da extrema direita a emissora já foi chamada.

Desde o plebiscito, em 2016, grande parte da oposição mostrou indisposição para dar continuidade ao divórcio. A primeira-ministra britânica, Theresa May, lida diariamente com críticas até de seu próprio governo. Um dos episódios mais emblemáticos que comprovam o insucesso do Brexit foi a renúncia do ministro britânico de Relações Exteriores Boris Johnson, considerado um líder radical a favor do processo. Sem seu maior aliado, May enfrenta ainda mais enfraquecida o divórcio.

Nesta queda de braço, os dois lados criticam a emissora. No ano passado, o negociador britânico para o Brexit David Davis criticou a ação do governo, e afirmou que a população não se sente mais representada pela emissora. “Se a BBC não começar a representar parte da população que apoia o Brexit e se preocupa com a migração, teremos que modificar a licença de emissão do Reino Unido”, afirmou.

O embate parece estar longe de acabar, uma vez que o tema Brexit se torna cada vez mais delicado, e cada vez mais próximo. A separação oficial entre o Reino Unido e a União Europeia está marcada para março de 2019.

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