Filhas do fundador do Bradesco, Lina Maria e Lia Maria Aguiar estão ena lista dos bilionários da Forbes (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2012 às 13h46.
São Paulo - Por trás da presença de duas brasileiras na lista dos maiores bilionários mundiais, está o resultado de uma novelesca disputa na Justiça. Lina Maria e Lia Maria Aguiar, filhas adotivas do fundador do Bradesco, Amador Aguiar, esperaram anos para terem acesso à herança.
Hoje, ocupam a 915ª e 1.075ª posição na lista da Forbes, com uma fortuna de 1,4 e 1,1 bilhão de dólares, respectivamente. Em 2011, apareceram pela primeira vez no ranking. De lá para cá, a riqueza das irmãs permaneceu a mesma. No clube dos bilionários brasileiros, Lina Maria é a 32ª colocada. Lia Maria ocupa a 34ª posição.
O pai das irmãs, que são gêmeas, morreu em 1991, aos 86 anos. Antes disso, Amador registrou em testamento a vontade de repassar seus bens a uma única pessoa: Cleide de Lourdes Campaner Aguiar, 40 anos mais nova, sua secretária e segunda mulher. Depois de um relacionamento de oito anos, os dois se casaram em regime de separação de bens três meses antes de Amador falecer.
Laços de família
Começava então o desenrolar de um grande imbróglio judicial. Quando a primeira mulher de Amador morreu, suas três filhas, incluindo a também adotiva Maria Ângela Aguiar, cederam ao pai o direito à herança materna para não serem deserdadas no testamento do patriarca.
Mas no documento que consagrava Cleide como herdeira universal, Amador afirmava que Lina e Lia não eram filhas legítimas. Não seriam, portanto, contempladas com quaisquer recursos. O vínculo de Maria Ângela também fora dissolvido: ao rubricar uma escritura de terra, ela teria assinado folhas a mais, concordando em abrir mão da paternidade.
Na briga pela herança, Cleide chegou inclusive a pedir a exumação do corpo do banqueiro para provar que Lina, Lia e Maria Ângela não eram suas filhas biológicas. A Justiça foi contra. E em 1998 reconheceu a paternidade das três. O direito aos bens da mãe também foi garantido, com a anulação do acordo que transferia a posse a Amador.
Dinheiro na mão...
Em outra frente da batalha pelo espólio, foi Cleide quem saiu vitoriosa. Depois da morte de Amador, seus 11 netos entraram na Justiça para anular o testamento do avô, alegando que ele não gozava de perfeita saúde mental quando confeccionou o documento. Em 2010, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que as provas apresentadas não eram suficientes.
Com a validação do polêmico testamento, Cleide ganhou o direito a uma bolada avaliada na época em 150 milhões de reais. Se considerado o valor de mercado do Bradesco nos dias hoje, a herança pode soar módica. Afinal de contas, o banco vale mais de 109 bilhões de reais. Mas a disparidade esconde outra manobra de Amador. Nos anos 80, o banqueiro reinvestiu a maior parte do seu patrimônio no próprio Bradesco por meio de doações, pulverizando o controle do segundo maior banco privado do país.