BRF: dona da Sadia estaria submetendo funcionários a jornadas desgastantes no Paraná (Adriano Machado/Bloomberg)
Luísa Melo
Publicado em 20 de outubro de 2014 às 17h01.
São Paulo - A BRF, dona da Sadia e da Perdigão, foi condenada a pagar uma multa de 4,3 milhões de reais por descumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) em 2001.
Pelo TAC, a empresa se comprometia a não prorrogar a jornada de trabalho de seus funcionários além do limite de duas horas extras diárias, a conceder um intervalo mínimo de 11 horas de descanso entre as jornadas e um descanso semanal remunerado de 24 horas consecutivas.
Caso algum dos itens fossem descumpridos, uma multa diária de 1 mil reais para cada trabalhador deveria ser aplicada.
Porém, fiscalizações feitas pelo Ministério Público do Trabalho e Emprego em uma unidade da companhia em Carambeí (PR), entre 2002 e 2009, teriam constatado que a empresa não cumpria o acordo e continuava cometendo irregularidades trabalhistas.
Por isso, em 2011 a Procuradoria do Trabalho de Ponta Grossa (PR) propôs uma ação que pedia que a BRF pagasse uma multa de 1 milhão de reais que, posteriormente, foi aumentada para 4,3 milhões pela Justiça do Trabalho de Castro (PR).
A empresa questionou a elevação do valor da multa, mas teve o pedido negado pelo desembargador Luiz Celso Napp no dia 22 de setembro, de acordo com o MPT-PR.
Em sua defesa, a BRF diz que "não concorda com a decisão e já interpôs Recurso de Revista ao Tribunal Superior do Trabalho".
Outros casos
Essa não é a primeira vez que a BRF enfrenta um processo por descumprir a legislação trabalhista. Segundo o MPT-PR, em outubro, a fabricante alimentos também foi condenada em segunda instância por ter submetido seus empregados à jornada de trabalho superior ao limite diário de dez horas, além de não respeitar o intervalo mínimo de 11 horas entre dois expedientes. A ação havia sido proposta pelo órgão em junho de 2013.
Em julho deste ano, a empresa também perdeu uma ação em que era acusada de submeter funcionários a condições de trabalho degradantes no Mato Grosso. A empresa teria imposto jornadas de trabalho excessivas e disponibilizado alojamentos em condições precárias e água contaminada à equipe. À época, a BRF foi condenada a pagar uma multa de 1 milhão de reais.