Produtos com a marca LeBon, da Doux Frangosul: queda de 3,4% nas vendas para o mercado externo em 2010 (Tamires Kopp/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2012 às 13h08.
São Paulo - O presidente da BRF - Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay, afirmou hoje que as negociações para a compra da operação de produção e abate de suínos da Doux Frangosul, localizada em Ana Rech (RS), anunciadas em setembro, continuam. Além disso, segundo Fay, a operação estaria de acordo com as restrições impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), após a aprovação da fusão entre Sadia e Perdigão.
"Falamos de ativos e não de negócios (marca)", ressaltou o presidente da BRF, que participou do painel "Competitividade, o grande desafio brasileiro", do 22º Congresso Brasileiro de Avicultura. "Já no exterior estamos ativos. Acabamos de comprar uma empresa na Argentina. Vemos que o país tem muito potencial em aves e queremos fazer parte disso", completou Fay.
Questionado sobre como está o processo da alienação do bloco de ativos por imposição do Cade, Fay disse que está em momento de estudos por parte dos interessados para elaboração de ofertas. "É um processo normal de M&A (fusão e aquisição). Hoje estamos na fase em que os interessados assinam um acordo de confidencialidade para estudar a companhia e fazer a sua oferta", afirmou. "Nós sabemos o quanto os ativos valem, mas as empresas têm que fazer sua avaliação", completou, citando que dentre os interessados estão empresas brasileiras e estrangeiras.
Rússia
Na sua apresentação, Fay afirmou que o governo brasileiro não está tão passivo com relação à proteção da produção nacional de alimentos e à imposição de barreiras e citou também as negociações do governo com a Rússia. "Com a Rússia, o governo tem lutado conosco há tempos, é uma luta difícil, as barreiras estão difíceis de ultrapassar", declarou. Para ele, negociações com mercados compradores precisam ter o apoio do Ministério das Relações Exteriores.
Ontem, em entrevista a jornalistas, o secretário de Defesa Econômica do Ministério, Francisco Jardim, admitiu que um grupo de empresários brasileiros foi à Rússia para tentar ajudar a reverter o embargo russo que perdura há mais de 120 dias. A BRF estava entre eles, confirmou Fay.
"Temos dois principais motivos para que o embargo esteja demorando para ser revertido. Tem a questão da inclusão do País na Organização Mundial do Comércio (OMC), que na verdade são coisas diferentes, mas que a Rússia está colocando dentro de um pacote só. E a outra é que o país está internamente subsidiando sua produção de alimentos. Tanto que ela quer ser autossuficiente em aves e suínos em até 2020", explicou o executivo. "Estamos vivendo um momento de protecionismo da Rússia", completou.