BRF: empresa aguarda e monitora as definições do bloco sobre a questão e ainda não existem relatórios finais dos europeus (Victor Moriyama/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de maio de 2018 às 17h10.
São Paulo - Diante do bloqueio às exportações de aves da BRF para a União Europeia, o CEO interino, Lorival Luz, disse em teleconferência nesta sexta-feira, 11, que "a companhia se adequará às condições impostas pela UE para atender aos mercados".
Segundo o executivo, a empresa aguarda e monitora as definições do bloco sobre a questão e ainda não existem relatórios finais dos europeus.
No entanto, a BRF já realizou estudos próprios. Assim que os europeus tomarem uma decisão sobre a continuidade dos embarques, "definiremos, junto ao conselho, uma estratégia de crescimento de margem e adequação", acrescentou.
No primeiro trimestre de 2018, a receita líquida da categoria "mercado internacional" da BRF recuou 13,7%, a R$ 1,824 bilhão, ante o resultado de R$ 2,113 bilhões registrado em igual período do ano passado, conforme balanço financeiro divulgado na quinta-feira, 10.
"No mercado externo, temos o impacto de restrições dos suínos na Rússia e das restrição de frangos para a União Europeia", justificou Luz.
A pressão do mercado europeu se intensificou em meados de março, com a deflagração da Operação Trapaça (terceira etapa da Carne Fraca) pela Polícia Federal, que desencadeou a suspensão das exportações das três unidades da BRF - Mineiros e Rio Verde, ambas em Goiás, e Carambeí (PR). A investigação apura se a BRF teria adulterado laudos sobre os índices de salmonela em seus produtos para garantir o acesso a determinados mercados.
Ainda sobre os players estrangeiros, o CEO destacou na teleconferência que não existe definição sobre as exportações para a Arábia Saudita, porém a companhia conta com produção suficiente para atender àquele mercado até setembro deste ano, para o período do Ramadã.
A discussão envolvendo os sauditas trata sobre o uso do atordoamento das aves antes do abate ser feito, regra que contrariaria os preceitos do abate halal.
Para o segundo trimestre, Luz afirmou que não poderia dar um guidance, mas esclareceu que a empresa está preparada tanto para ajustes de demanda quanto de custos. "As férias coletivas adotadas em algumas unidades fazem parte de adequação à demanda", disse.
A BRF concedeu férias coletivas de 30 dias para parte dos empregados de Rio Verde (Goiás) e Carambeí (Paraná) entre os dias 14 e 21 de maio. Na unidade de Capinzal (Santa Catarina), há férias coletivas a partir de 7 de maio para os trabalhadores da linha de abate de aves. Em Toledo (Paraná), haverá férias a partir de 2 de julho.
"Se precisarmos de outras plantas com férias coletivas, será feito de maneira natural", acrescentou o executivo. O CEO disse que os cronogramas seguem uma programação de 30 a 90 dias, sem prejuízo aos ciclos produtivos dos alimentos.
"As férias foram definidas não só com base na Europa. Ficamos um período do primeiro trimestre sem esse mercado, mas também houve a questão da Rússia e optamos pela adequação de nossos estoques de produtos prontos", enfatizou Luz.