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Brasil Foods: custos vão ficar altos e cenário externo difícil

A maior exportadora de aves do mundo considera que o cenário externo será mais difícil no primeiro semestre de 2012,

Brasil Foods (EXAME)

Brasil Foods (EXAME)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 12h30.

São Paulo - A Brasil Foods, maior produtora de carne suína e de aves do Brasil, avalia que os custos dos seus principais insumos, o milho e a soja, deverão se manter em patamares elevados durante 2012.

Ao mesmo tempo, a maior exportadora de aves do mundo considera que o cenário externo será mais difícil no primeiro semestre de 2012, em meio à crise internacional e com estoques relativamente elevados em alguns países importadores.

"Então a perspectiva para o primeiro trimestre é ainda de bastante dificuldade no mercado externo em termos de rentabilidade. O mercado ainda vai sofrer bastante até que passe esse momento, mas quando a gente olha no longo prazo, ainda tenho bastante otimismo", afirmou o presidente-executivo da BRF, José Antonio do Prado Fay, em teleconferência nesta sexta-feira, para comentar os resultados de 2011.

"Acho que a oferta está se encolhendo (nos importadores), e em determinado momento isso vai vir para o mercado, mas isso ainda demora mais um trimestre", acrescentou Fay, esperando uma recuperação no segundo trimestre do ano.

Segundo ele, se tudo correr como indica a tendência do mercado e a companhia conseguir executar os seus projetos, o terceiro e o quatro trimestres de 2012 serão "bons".

Fay citou problemas no Oriente Médio, em especial no Irã, e questões regulatórias em alguns países, que fogem de fatores relacionados à oferta e demanda.


"O mercado global está volátil, tem muitas variáveis novas...", disse ele, acreditando em um primeiro semestre "mais fraco" e um segundo semestre "mais forte no mercado externo", invertendo uma situação verificada no ano passado.

O lucro anual da companhia saltou em 2011, para 1,36 bilhão de reais.

Por volta das 14h, as ações da empresa operavam em queda de 1 por cento, enquanto o Ibovespa subia 0,1 por cento.

No mercado interno, com o Brasil sofrendo menos a crise externa do que alguns importadores, a companhia está operando com "margens bastante boas", disse o presidente. "Acho que a companhia tem capacidade de performar ainda melhor no mercado interno, sou muito otimista pelas nossas possibilidades..."

Preços dos grãos

Com relação aos principais custos da produção de carne, a soja e o milho, o executivo acredita em uma estabilidade, mas com os preços dos grão se mantendo em patamares elevados.

"Não há razão para os preços subirem mais, mas não deve haver razão para os preços cederem", declarou ele.

Fay observou ainda que há uma grande incerteza quando se fala de preços dos grãos, em meio a uma forte quebra de safra de soja no Brasil por conta da seca.

A produção de milho do país - e muitos apontam para um recorde - só não deverá ser menor em decorrência de um aumento do plantio na temporada 2011/12.

"Mas de maneira geral não vejo grande alívio com as despesas", ponderou ele, citando como desafiador também os custos de mão-de-obra, tanto na parte operacional quanto na de gestão da companhia, que vem de uma recente operação de incorporação da Sadia pela Perdigão, que deu origem à BRF.

Investimentos

A BRF não tem uma previsão de investimento para 2012, afirmou o diretor financeiro da companhia, Leopoldo Saboya, durante a teleconferência. Mas ele lembrou que o orçamento anual, segundo plano da empresa até 2015, prevê um montante entre 2 bilhões e 2,5 bilhões de reais.

A BRF investiu no ano passado 1,9 bilhão de reais, alta de 84,1 por cento ante 2010, quando a empresa ainda aguardava uma solução sobre a aprovação da incorporação da Sadia, negociação que foi aprovada pelo órgão de defesa da concorrência (Cade) em meados do ano passado.

O total investido no ano passado inclui recursos destinados à aquisição de ativos no exterior (de participação acionária na Avex e do controle do Grupo Dánica, na Argentina).

O investimento previsto no plano até 2012 permitiria à empresa elevar seus ganhos entre 12 e 13 por cento por ano, segundo Saboya.

"Parte desse investimento está ligado a sinergias e novos projetos, crescimento orgânico da empresa, que passou a ser acelerado com a aprovação do Cade. E passaremos a investir mais forte do que fizemos em 2011", disse Saboya, acrescentando que as sinergia obtidas em 2011 com a incorporação da Sadia ficaram dentro do esperado, em 562 milhões de reais (valores líquidos).

Os executivos disseram ainda que a companhia tem desafios em 2012 de desenvolver uma empresa "unificada", com a integração dos negócios na Argentina.

Fay acrescentou que o mercado verá resultados importantes de alguns projetos da companhia a partir de 2013. E ele citou uma joint venture com participação da BRF na China, que "vai começar a operar em no máximo dois meses". Ele citou também a fábrica de Abu Dhabi, para atender ao Oriente Médio.

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