Braskem: venda da petroquímica brasileira é um desejo de seus dois controladores, a Odebrecht e a Petrobras
EXAME Hoje
Publicado em 8 de agosto de 2018 às 06h43.
Última atualização em 8 de agosto de 2018 às 07h12.
Enquanto aguarda uma possível venda por seus controladores Odebrecht e Petrobras, a petroquímica Braskem deve divulgar hoje, após o fechamento do mercado, um aumento nos ganhos puxado pelas exportações e pelas suas subsidiárias em outros países.
“A Braskem tem se beneficiado do forte crescimento dos Estados Unidos e da Europa, importantes consumidores dos seus produtos”, diz Rafael Gad Camano Passos, analista de ações da corretora Guide Investimentos. Essas duas regiões respondem por cerca de 20% das vendas de produtos químicos da empresa, usados na produção de plástico e borracha.
O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos – onde a Braskem tem cinco fábricas produzindo polipropileno – avançou 4,1% no segundo trimestre deste ano, enquanto o da Zona do Euro subiu 2,1% no mesmo período. Em duas unidades industriais na Alemanha, a companhia também fabrica polipropileno. O bom desempenho desses mercados no exterior tem ajudado a contrabalançar a fraqueza da economia brasileira, que se expandiu apenas 0,4% no período de abril a junho deste ano ante mesmo intervalo de 2017.
Assim, a corretora Mirae Asset projeta que o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Braskem tenha subido 2,3% no segundo trimestre do ano, para 3,1 bilhões de reais. “A taxa de câmbio também está ajudando e tende a impulsionar os resultados da companhia até o final do ano, já que se espera que o dólar continua na casa dos 3,70 reais como atualmente”, afirma Pedro Galdi, analista da corretora.
Essa é uma boa notícia para os investidores especialmente porque a petroquímica tem aumentado a distribuição de dividendos com a elevação da geração de caixa recentemente. De um total de 2 bilhões de reais em 2015, o montante pago aos acionistas subiu para 2,5 bilhões de reais em 2017.
Mas nenhuma notícia sobre as atividades da empresa está sendo tão ansiosamente esperada como o desfecho das negociações da venda, pela Odebrecht, da sua fatia de 50,1% na Braskem para a indústria química holandesa LyondellBasell. O início das conversas foi anunciado em junho e um acordo pode ser assinado até outubro. A Petrobras, que também estudava se desfazer da sua participação de 47% na Braskem, pode aproveitar para incluir as suas ações no pacote.
Na semana passada, o presidente da holandesa, Bavesh Patel, encontrou-se com representantes do Ministério de Minas e Energia para discutir a transação. Devido à expectativa sobre a venda, a ação ordinária da petroquímica brasileira ganhou 30% nos últimos dois meses, tendo fechado cotada a 53,99 reais ontem, e a preferencial subiu 39%, para 56,24 reais.