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Brasileiro do Burger King está no centro de compra da Heinz

O fundador da 3G Capital, que se uniu a Warren Buffett para comprar a empresa, orquestrou a fusão da InBev com a Anheuser-Busch


	Jorge Paulo Lemann: "Esses caras têm grandes ambições e um monte de dinheiro", disse uma fonte a respeito da 3G Capital
 (Bel Pedrosa)

Jorge Paulo Lemann: "Esses caras têm grandes ambições e um monte de dinheiro", disse uma fonte a respeito da 3G Capital (Bel Pedrosa)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2013 às 13h12.

No coração da compra de 28 bilhões de dólares da icônica empresa norte-americana Heinz está um grupo brasileiro de perfil discreto fundado por um banqueiro magnata que virou cervejeiro.

A 3G Capital, que se uniu com a Berkshire Hathaway de Warren Buffet para o negócio, tem agressivamente mirado empresas de consumo dos Estados Unidos ao longo dos últimos anos.

O fundador do grupo, o bilionário Jorge Paulo Lemann, orquestrou a maior fusão da história mundial quando a belgo-brasileira InBev comprou a cervejaria Anheuser-Busch por 52 bilhões de dólares em 2008. A 3G também adquiriu a rede norte-americana de fast-food Burger King em 2010 por cerca de 3,3 bilhões de dólares.

A 3G muitas vezes paga prêmios aos vendedores nas aquisições, de acordo com fontes familiarizadas com as transações. Pela Heinz, o grupo está pagando cerca de 14 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).

Ofertas recentes no setor de alimentos e bebidas foram fechadas por cerca de 10 vezes o Ebitda, de acordo com a Deloitte.

"Esses caras têm grandes ambições e um monte de dinheiro", disse uma fonte familiarizada com a 3G.

A abordagem da 3G é semelhante à de Buffett. Ambos estão interessados ​​em marcas conhecidas com grande market share e fluxos de caixa estáveis, disseram as fontes.


E como Buffett, que é notoriamente conhecido por decisões rápidas sobre a possibilidade de aquisições, a 3G teve uma estratégia similar com a Heinz. A maior compra da história no setor de alimentos foi acertada em apenas seis semanas.

"Esta não foi uma expedição de pesca que se transformou em algo. Eles haviam feito sua lição de casa", disse uma segunda fonte familiarizada com a situação.

Após uma abordagem inicial da 3G em dezembro, o acordo foi assinado na madrugada desta quinta-feira, 14 de fevereiro, disse outra fonte.

A fim de manter o negócio sigiloso, codinomes para a operação foram usados, de acordo com duas fontes. A 3G foi chamada de "ganso" e a Heinz de "pinguim", enquanto a Berkshire era conhecida como "coruja".

A 3G pode usar a Heinz como uma plataforma para outros negócios na indústria de alimentos, disseram outras duas fontes, repetindo uma estratégia de sucesso que transformou uma cervejaria regional latino-americana na maior do mundo.

E ao contrário de típicos patrocinadores financeiros, a 3G provavelmente continuará a construir uma posição na indústria de alimentos, em vez de buscar se diversificar, disseram fontes.

Buffett e Lemann atuaram juntos como diretores da Gillette. Buffett considera o homem que ele chama de "Georgie Paulo" um velho amigo.


Lemann, 73, tem uma fortuna estimada em 12 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes. Pós-graduado em Harvard, ele foi um campeão do tênis brasileiro antes de entrar no mundo financeiro.

Na década de 1970, Lemann fundou o banco de investimentos Garantia, que foi vendido ao Credit Suisse em 1998. Ele mais tarde fundiu as maiores cervejarias do Brasil --Brahma e Antarctica-- e vendeu a AmBev para a belga Interbrew, em 2004. Essa combinação se tornou a Anheuser-Busch Inbev, que ainda conta Lemann como acionista relevante e membro do Conselho de Administração.

A AB InBev também protagonizou uma megafusão nesta quinta-feira, ao revisar os termos da compra do grupo mexicano Modelo por 20,1 bilhões de dólares, buscando contornar objeções do governo norte-americano de que a operação vai restringir a concorrência.

Lemann, que se mudou para a Suíça em 1999, depois de uma tentativa de sequestro de seus filhos, é co-fundador da 3G com os parceiros Carlos Alberto Sicupira, Marcel Hermann Telles e Roberto Thompson Motta.

Ele também trouxe Alexandre Behring como sócio, que ajudou a organizar as compras da Heinz e do Burger King.

Na segunda-feira, Behring foi almoçar com Buffett e o presidente-executivo da Heinz, Bill Johnson, disse uma fonte. Não se sabe se eles comeram hambúrgueres Burger King com ketchup Heinz.

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