O presidente-executivo da Arcos Dorados, Woods Staton, durante divulgação do balanço de 2009 (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - O Brasil continua despertando o apetite do McDonald's para os negócios. Neste ano, a rede de fast food deve investir 150 milhões de dólares na América Latina. Metade dessa quantia será aplicada no mercado brasileiro.
"Quando olhamos para onde podemos crescer, as perspectivas brasileiras são muito boas", diz Woods Staton, presidente-executivo da Arcos Dorados, que comprou a marca McDonald's para a América Latina em 2007 - depois que a companhia americana decidiu sair dos países que considerava menos lucrativos. Somente neste ano, o Brasil deve ganhar mais 40 restaurantes da rede, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Isso faz parte da preparação para dois importantes eventos esportivos que serão sediados no país: a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
O otimismo da empresa com o Brasil é justificado com números. No ano passado, o McDonald's bateu o recorde de vendas no país, com um faturamento de 3,45 bilhões de reais. A cifra representou um crescimento de 4,8% sobre 2008. Como comparação, basta lembrar que o PIB brasileiro encolheu 0,2% no mesmo período. O desempenho brasileiro também ficou acima da média do McDonald's na América Latina. A região gerou vendas de 3,6 bilhões de dólares em 2009, o que representou uma expansão de 2,8%.
A rentabilidade da marca no Brasil também passa pelo crescimento da classe C. Para conquistar esses consumidores emergentes, a rede investiu em novas áreas, como o Norte e o Nordeste. Em 2009, foram inauguradas unidades da rede em Caruaru (PE), Vitória da Conquista (BA) e Porto Velho (RO). O nicho da classe C, de acordo com Staton, sempre existiu, mas, nos últimos tempos, a empresa fortaleceu as ações para se consolidar nesse segmento em toda a América Latina. É o caso da promoção "Grandes Prazeres, Pequenos Preços", que vem funcionando muito bem em países como a Argentina, a Colômbia e o Uruguai, por exemplo, oferecendo no cardápio refeições de até 6 reais.
Baixo custo
A companhia aproveitou a crise para investir no consumidor da classe C. Além disso, a migração de clientes à procura de alternativas mais baratas na alimentação a colocou em boa posição no mercado. Os bons negócios possibilitaram a contratação de 1.500 funcionários - 1.000 a menos do que o esperado pela empresa no começo de 2009 - e a abertura de 22 novos restaurantes da marca no Brasil.
"O Brasil foi um dos melhores resultados do ano", afirma o colombiano. "Outros, como Costa Rica e Venezuela, também tiveram ótimo resultados", lembra. Quanto à Venezuela, Staton comentou sobre a possível aversão dos consumidores à marca, devido à posição de seu presidente, Hugo Chávez, em relação aos Estados Unidos, onde o McDonald's surgiu. "A empresa é latinoamericana e não existe essa aversão. Costumo dizer que nós somos feitos em cada um dos países em que montamos um novo restaurante, apesar de a marca ter sido inventada nos Estados Unidos", afirma o executivo.
Desafio
Um desafio para qualquer restaurante de fast food hoje é enfrentar o crescente mercado de "comida saudável", de baixa caloria. A imagem dos restaurantes, principalmente do McDonald's, ficou arranhada depois de constantes campanhas contrárias aos lanches que a rede oferece - entre elas, o documentário americano "Super Size Me".
Staton admite que foi preciso abrir o leque de opções no cardápio para tentar atender a esse público, mas frisa que o mercado da rede é de hambúrgueres, e "sempre foi saudável" - mesmo assim, houve uma redução no valor calórico destes produtos. "O fato é que esperamos que você vá de uma a duas vezes por mês no McDonald's, e não achamos, dada essa freqüência, que somos uma parte importante do regime de uma pessoa", justifica o colombiano. Apesar do suposto risco ao fast food, hoje os restaurantes com a marca atendem uma média de 3,54 milhões de clientes por dia.