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Brasil puxou crescimento da dona da Havaianas

O Brasil foi o grande propulsor da empresa no trimestre, mas a variação cambial na Argentina prejudicou as receitas

Havaianas: o Brasil impulsionou os resultados, mas a variação cambial na Argentina prejudicou as receitas (Havaianas/Divulgação)

Havaianas: o Brasil impulsionou os resultados, mas a variação cambial na Argentina prejudicou as receitas (Havaianas/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 18h42.

São Paulo - Graças a cortes de custos e investimentos nas marcas, a operação brasileira da Alpargatas puxou o resultado global da companhia, que teve lucro líquido de R$ 84,5 milhões no 3º trimestre, aumento de 10,6%.

O país foi o grande propulsor de crescimento da empresa no período. O Ebitda total da dona da Havaianas e Osklen foi de R$ 128,6 milhões, queda de 13,6% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Porém, o Brasil respondeu com R$ 105,7 milhões de reais do total, aumento de 22,3%.

Um dos fatores para o crescimento no país foi a redução das despesas operacionais, que foram de R$ 343,6 milhões no ano passado para R$ 315,54 milhões esse ano, destaca Márcio Utsch, diretor-presidente da Alpargatas.

Em relação aos custos de produção, a companhia automatizou alguns processos e desenvolveu máquinas que usassem menos borracha para fabricar as sandálias e acessórios.

Ela também renegociou os contratos de energia elétrica e de matérias-primas. "Alcançamos reduções nas despesas sem demitir ninguém por cortes de custo", afirmou o presidente.

No entanto, tem uma despesa em que a Alpargatas não economizou: em marketing. A cada trimestre, ela investe de 10% a 12% de sua receita no desenvolvimento de suas marcas, publicidade, gestão da malha de vendas e inovação em novos produtos.

"Quando as famílias têm menos dinheiro, por desemprego ou receio, elas fazem compras mais seletivas e mais criteriosas. Por isso, o trabalho de fortalecer as nossas marcas, que começou há alguns anos, nos deu força de vendas apesar da crise", destacou Utsch.

Dificuldades na Argentina

Apesar do crescimento do lucro, a receita total apresentou queda de 9,4%, chegando a R$ 982,8 milhões no trimestre. Três motivos explicam essa queda, segundo o presidente.

O primeiro é a variação cambial, principalmente do peso argentino. Sem essa mudança cambial, o aumento nas receitas seria de 5,1%, afirma o presidente. Dessa forma, a receita da Argentina encolheu 34,3% em reais, mas cresceu 16,7% na mesma moeda.

O segundo motivo é a queda de 56,9% das receitas, em reais, vindas das exportações de produtos feitos no Brasil. Dois países foram os principais responsáveis por essa redução: a Argentina e Angola. "A exportação era muito concentrada nesses dois países", afirmou José Sálvio Ferreira Moraes, gerente de relações com investidores da Alpargatas.

Para contornar esse problema, a empresa irá diversificar a sua base de exportação, para sentir menos impacto de uma crise em algum mercado específico. "Já elegemos 7 países que consideramos mais relevantes, onde vamos alocar mais energia e mais investimentos", afirmou Utsch.

O terceiro motivo tem relação com uma comparação desigual. "O 3° trimestre de 2015 foi atipicamente forte em receitas, com um crescimento fora do comum. Por isso, a comparação fica prejudicada", disse o presidente.

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