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Brasil irá detalhar novo plano de zerar emissão em 2050 na COP26

Movimento representa uma mudança de postura do governo Bolsonaro, criticado ao redor do mundo por sua posição sobre o clima

Desmatamento na floresta amazônica, em Mato Grosso | Foto: Paulo Whitaker/ Reuters (Paulo Whitaker/Reuters)

Desmatamento na floresta amazônica, em Mato Grosso | Foto: Paulo Whitaker/ Reuters (Paulo Whitaker/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 31 de outubro de 2021 às 20h04.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 12h46.

O Brasil deve revelar uma meta mais ambiciosa para atingir a neutralidade climática e assinar uma promessa liderada pelo Reino Unido sobre o fim do desmatamento. O movimento representa uma mudança de postura para a administração do presidente Jair Bolsonaro, criticado ao redor do mundo por sua posição sobre o clima.

O país planeja declarar oficialmente sua meta de zerar as emissões líquidas para 2050 - conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada - nas negociações climáticas da COP26 na Escócia nesta segunda-feira, disse Paulino de Carvalho Neto, secretário do Itamaraty para assuntos políticos multilaterais. O Brasil também fará parte de um acordo liderado pelo Reino Unido para parar o desmatamento e acabar com a degradação do solo até 2030.

Berço da floresta amazônica, o país mudou sua postura sobre o clima e está se posicionando de forma mais flexível nas negociações, à medida que o mundo busca evitar as piores consequências das mudanças climáticas. O encontro de Glasgow foi anunciado como um evento decisivo para conter o aquecimento global, com o Reino Unido pressionando fortemente para que os líderes mundiais ampliem suas ambições climáticas.

“Sem dúvida, nosso maior desafio será enfrentar o desmatamento”, disse Carvalho Neto por telefone de Glasgow no domingo. “Enfrentando o desmatamento, a gente vai reduzir muito as nossas emissões, todo o nosso esforço têm que ser concentrados nesta área.”

O Brasil, que já considerou abandonar o acordo climático de Paris, suavizou sua postura. A mudança de tom ocorre no momento em que Bolsonaro se candidata à reeleição no ano que vem e empresas locais e estrangeiras pressionam o governo a adotar uma abordagem mais favorável ao clima.

O país também vê uma “boa chance” de um acordo que estabeleça regras para um mercado global de carbono - conhecido como Artigo 6 no Acordo de Paris, disse o funcionário. Em 2019, as negociações da COP em Madri terminaram sem um acordo, com o Brasil e a União Europeia em desacordo. Estabelecer essas regras é um dos principais objetivos da conferência de Glasgow.

Assinar a declaração florestal - que também é apoiada pela União Europeia, Indonésia e República Democrática do Congo - é um grande passo para o Brasil em meio à luta para combater acusações de que está destruindo a área do Cerrado para o cultivo de soja e de que ainda há gado sendo criado na Amazônia.

“Houve um entendimento entre Brasil e Reino Unido”, disse ele. “O Brasil aceita que é nossa principal responsabilidade”combater o desmatamento”, disse ele, acrescentando que a maior economia da América Latina também gostaria de ver uma promessa semelhante para acabar com o uso de combustíveis fósseis.

Conter o desmatamento também é fundamental para regular os níveis de chuva, que serão cruciais tanto para a geração de energia hidrelétrica quanto para a produção agrícola. A crise hídrica neste ano prejudicou as lavouras de café e obrigou o Brasil a importar gás natural liquefeito para garantir o fornecimento de eletricidade.

O Brasil também planeja anunciar um aumento em sua meta de redução de emissões que é atualmente de 43% até 2030, disse ele, recusando-se a fornecer um número preciso. Embora os cortes ainda sejam ante os níveis de 2005, a base desse cálculo mudou para 2,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, de 2,8 bilhões de toneladas anteriormente, disse ele.

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