Fábrica da Brasil Kirin, em Itu: as projeções de vendas de cerveja estão acima das do mercado, que prevê crescimento entre 3% e 4%. (Lia Lubambo)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2014 às 13h21.
São Paulo - A Brasil Kirin, empresa que atua no mercado de bebidas, resultante da compra da Schincariol pela japonesa Kirin, encerrou 2013 com um prejuízo consolidado líquido de R$ 65,463 milhões.
O valor do resultado para 2012, a titulo de comparação, não foi informado, mas a companhia explica, em relatório da administração publicado em jornais, que poderia ser considerado um "break-even" (ponto de equilíbrio), se excluídos os impactos não recorrentes de tributos e assumindo-se a alíquota padrão (34%) para Imposto de Renda e CSLL referente ao período.
No segundo semestre, a companhia aderiu ao Programa Especial de Parcelamento (PEP) do ICMS do Estado de São Paulo, visando encerrar litígio referente a 16 processos tributários questionados pelo governo estadual.
Deste modo, a Brasil Kirin pode eliminar seu passivo contingente de um total superior a R$ 950 milhões com pagamento à vista de R$ 375 milhões, dos quais R$ 137 milhões referentes ao principal da dívida e despesas financeiras de R$ 236 milhões - contabilizados na rubrica "despesas gerais e administrativas". C
om esse pagamento de juros do PEP, as despesas financeiras líquidas aumentaram em R$ 79 milhões no ano, fechando em R$ 335 milhões.
Ainda no demonstrativo de resultados, consta que o lucro líquido da controladora em 2013 foi de R$ 153,759 milhões, ante prejuízo de R$ 11 milhões neste critério em 2012.
Do montante, é deduzido o resultado das empresas incorporadas, negativo em R$ 220,710 milhões, o que ajuda a explica o prejuízo líquido consolidado do ano.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no ano de 2013 ficou em R$ 496 milhões, o que corresponde a 12,5% da receita líquida.
O comparativo não foi informado. A receita líquida teve um aumento de 9%, para R$ 3,9 bilhões, enquanto a receita bruta cresceu 8,2% na comparação com 2012, para R$ 7,4 bilhões. O volume de venda ficou estável, em 32,5 milhões de hectolitros.
A administração destaca que em 2013 foi realizada a mais importante etapa do processo de simplificação operacional da estrutura societária, o qual começou em 2010. Cinco empresas foram incorporadas e o restante foi reorganizada em dois grandes grupos, um industrial e outro voltado a "outros negócios", como logística, distribuição e administração de franquias.
Projeções
Para 2014, a companhia diz que pretende continuar crescendo, com investimentos superiores a R$ 1 bilhão para o triênio 2013-2015. As projeções de vendas de cerveja estão acima das do mercado, que prevê crescimento entre 3% e 4%.
"O verão deste ano foi mais quente, o carnaval foi em março, teremos Copa, eleições e eventos internacionais. Estamos trabalhando bastante e vamos buscar o desempenho acima da média do mercado, aproveitando o momento para mostrar o que temos de valor para o consumidor", disse o vice-presidente financeiro da companhia, Fabio Marchiori, em conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 31, sobre o resultado de 2013.
A Brasil Kirin quer atingir o mesmo objetivo em refrigerantes, cuja projeção de mercado é "um pouco menor do que a da cerveja".
No ano passado, a empresa produziu e vendeu mais de 3 bilhões de litros de bebidas, similar a 2012. A queda do volume de cerveja foi de 1,5%, ante 2% do mercado brasileiro, e a retração da comercialização de refrigerantes foi de 2,8%, ante 3,5%, do mercado. Os sucos vendidos pela companhia tiveram crescimento próximo a 20%, e as águas avanço de um dígito porcentual alto.
Segundo o executivo, o começo do ano foi de acordo com as expectativas. "As vendas vieram fortes nesse primeiro trimestre pelas altas temperaturas, mas a base de comparação também é mais fraca. Não teremos surpresa negativa no primeiro trimestre", falou.
Ele, porém, comentou que um ponto de atenção é a estratégia adotada por alguns concorrentes na disputa de "territórios". "O Nordeste é uma região muito relevante para nós e que vamos proteger, mas de uma maneira que agregue valor. Sul e Sudeste também estão na nossa prioridade", declarou.
Dentre as ações da empresa previstas para o ano estão a continuidade de migração de empresa industrial voltada mais para o consumidor; o balanceamento de portfólio (tanto de marcas, produtos, embalagens e clientes e a partir daí expandir a distribuição). "A escolha de produzir a cerveja japonesa Kirin Ichiban foi nossa. Claro, com checagem de processo e qualidade dos japoneses", ressaltou.
A empresa também quer introduzir e crescer mais a presença de categorias premium e trabalhar melhor a estratégia de preço, mas alinhado com imagem e valor.
Com relação a aquisições, Marchiori disse que, nesse momento, a empresa não "está perseguindo nenhum 'target', mas que é constantemente procurada por empresas que querem ser compradas. Entretanto, o executivo informou que segue à procura de parceiros nas diversas categorias nas quais atua e também em fornecimento de matéria-prima e distribuição.
Ele citou, como exemplo, a entrada da companhia no segmento de energéticos, com o Ecco, que é uma marca de empresários do Sul do País, na qual a Brasil Kirin paga royalties para usufruir do produto. Esse tipo de parceria segue a linha das realizadas pela controladora da companhia, a japonesa Kirin.