Bradesco: a construção do centro de tecnologia, inaugurado em 2008 na área da Cidade de Deus, marcou o início de uma nova arquitetura tecnológica (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2012 às 10h54.
São Paulo - Nos fundos da Cidade de Deus, bairro de Osasco onde fica a sede do Bradesco, há um bunker. Vigiado ininterruptamente por 170 câmeras, o prédio foi construído para operar por quanto tempo for necessário sem energia elétrica e para suportar até a improvável queda de um helicóptero. Lá dentro, o segundo maior banco privado do país vem desenvolvendo nos últimos quatro anos sua arma secreta para manter o crescimento da empresa pelas próximas décadas. Só que a queda na taxa de juros e a pressão do governo sobre os bancos privados fez o futuro chegar mais cedo para todo o setor e, claro, para o Bradesco também.
Quando o projeto do bunker - na realidade, um datacenter - e o plano de investimento em tecnologia começaram a ser desenhados, em 2005, o cenário que os bancos brasileiros enfrentavam era outro. O país crescia e não havia sinal da crise financeira que o mundo enfrentaria três anos depois. Entre as preocupações do Bradesco, ao se preparar para uma mudança radical de sua estrutura tecnológica, estavam o aumento da mobilidade e dos canais digitais, a necessidade de padronização dos sistemas e de inclusão de mais brasileiros no processo de bancarização.
A construção do centro de tecnologia, inaugurado em 2008 na área da Cidade de Deus, marcou o início de uma nova arquitetura tecnológica. O projeto total, que começou pela mudança na infraestrutura seguida por transformações nos processos e nos softwares, deve ser concluído no ano que vem. Só a execução do centro - incluindo toda a estrutura de máquinas - mobilizou cinco mil profissionais e 12 milhões de horas de trabalho. Em cinco anos, foram investidos R$ 22 bilhões. Mexer nos processos de um banco é algo muito difícil, diz Maurício Minas, diretor executivo de tecnologia do Bradesco. Reescrever os sistemas é uma oportunidade de fazer isso.
Agora, às vésperas de ser concluído, o arsenal tecnológico ganha uma importância estratégica ainda maior, dadas as condições do mercado que os bancos enfrentam.
A situação mudou drasticamente. Com a queda da taxa básica de juros para 7,25% (o que ainda é alto se comparada à de países desenvolvidos) e o aumento da concorrência provocada pelo governo e puxada pelos bancos públicos - os primeiros a reduzirem taxas e juros -, a tecnologia ganhou um papel de destaque.
Embora ainda tenha muito o que fazer, o Bradesco já começou a colher os resultados do investimento feito lá atrás. O aumento de produtividade foi sentido sobretudo na redução do tempo das operações. Na concessão de crédito automático, por exemplo, o processo de análise foi reduzido de 16 minutos para 9 segundos.
Nos caixas, o novo sistema diminuiu em 25% o tempo de atendimento ao cliente. Nos caixas eletrônicos, após a adoção da biometria (reconhecimento do cliente pela palma da mão), o saque, que era feito em 40 segundos, hoje não leva mais que 25 segundos. Imagine essa diferença multiplicada por 36 mil máquinas e 1 milhão de saques por dia, diz Minas.
O ganho de produtividade foi de 30% e conseguimos atender mais clientes. O banco já começou a testar os caixas automáticos em que o cartão físico não será mais necessário.
Ao adotar essa série de medidas, o Bradesco pretende reduzir as despesas operacionais sem ter, por exemplo, que diminuir o quadro de 104 mil funcionários, nem fechar parte de suas 4,6 mil agências. A meta é fazer com que o índice de eficiência do banco, que hoje está em 42%, chegue a 39% em 2014. Esse indicador é a razão entre a despesa operacional e a receita do banco - por isso, quanto mais baixa ela for, melhor. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.