Bradesco: o presidente do banco citou o impacto positivo do setor de agrobusiness, que deve R$ 200 bilhões (Adriano)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 16h39.
São Paulo - As projeções de desempenho do Bradesco para 2017 tem traços de conservadorismo, de acordo com o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.
"Adotamos uma prudência necessária e correta em um ano de virada da economia", afirmou ele, em teleconferência com a imprensa para comentar os resultados da instituição, na manhã desta quinta-feira, 2.
O banco espera que a carteira de crédito expandida cresça de 1% a 5% em 2017, tanto no conceito "pró-forma", que inclui a incorporação do HSBC Brasil no período de análise, como no "publicado".
No ano passado, a expectativa do Bradesco era de que, considerando os números do banco inglês, os empréstimos avançassem de 8% a 12% em relação a 2015. O crescimento de 8,6% no período veio em linha com a projeção do banco.
De acordo com Trabuco, a carga de incertezas no ambiente econômico está menor a cada trimestre. Há, conforme o executivo, gradualismo e segurança no processo de recuperação da economia, cuja tendência é voltar ao crescimento em 2017.
O presidente do Bradesco citou o impacto positivo do setor de agrobusiness, que deve alcançar a marca de cerca de 20 milhões de toneladas de grãos e injetar na economia por volta de R$ 200 bilhões.
"Com a melhora do indicador de confiança e a inflação rumando centro da meta, a taxa Selic segue em direção de alcançar um dígito, o que é muito desejável para a retomada do crescimento", avaliou Trabuco.
Ele destacou ainda que o resultado de 2016 exigiu "muito esforço" da administração, que priorizou a qualidade e o fortalecimento dos indicadores do banco em um ano de transição.
"A área de seguros reiterou a posição de fonte importante e segura de receitas. Estamos bem posicionados para capturar benefícios da virada da economia, que será gradual", acrescentou o executivo, mencionando a presença do banco, que possui mais de mais de 26 milhões de clientes, e a integração do HSBC Brasil.
O Bradesco reportou nesta quinta, antes da abertura do mercado, lucro líquido contábil de R$ 3,592 bilhões no quarto trimestre do ano passado, montante 17,5% menor que o registrado um ano antes, de R$ 4,353 bilhões.
No ano de 2016, o lucro líquido contábil do banco alcançou R$ 15,084 bilhões, redução de 12,25% ante 2015, quando somou R$ 17,190 bilhões.
O Bradesco pode voltar a fazer impairments de ativos não recuperáveis nos próximos trimestres, mas de menor tamanho em relação ao feito no quarto trimestre de 2016, de acordo com o diretor de Relações com o Mercado do banco, Carlos Firetti.
"Já marcávamos a mercado esses ativos financeiros, que são debêntures, bonds que estavam classificados como disponíveis para venda e que sempre que necessário serão atualizados via novas marcações e testes de impairment pelo preço ou rating do cliente", explicou ele, em teleconferência com a imprensa.
Firetti garantiu que o impairment de ativos financeiros no valor de R$ 1,264 bilhão feito no quarto trimestre não condiz a apenas um cliente, mas está relacionado a créditos diversos.
O movimento impactou a margem financeira total do banco, que foi a R$ 15,669 bilhões ao final de dezembro, queda de 7,5% em relação a setembro, mas alta de 7,97% ante um ano antes.
O diretor do Bradesco afirmou que o banco não planeja levantar capital neste momento. Também acrescentou que a instituição lançará, ainda neste semestre, um novo banco digital, focado em mobile e no público jovem, a chamada geração Millennials, nascida entre os anos de 1980 e 2000 e que representa 30% da população brasileira, segundo estatísticas.
Ele disse que não há um nome para o novo banco, mas, conforme fontes, chamaria Next, mesmo nome dado ao espaço que o Bradesco tem em agências físicas para lançar novidades em tecnologia bancária.