O astro português Cristiano Ronaldo recebe o troféu Bola de Ouro (Fabrice Coffrini/AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2015 às 15h49.
Madri - O troféu Bola de Ouro da Fifa - prêmio anual do futebol mundial para seu melhor jogador - está aparecendo nas negociações de transferências que envolvem atletas de elite como uma prova do valor comercial dos jogadores.
Alguns contratos agora contêm cláusulas que pagam bônus aos jogadores se eles ganharem ou estiverem entre os 23 nomeados, segundo Rodrigo García, advogado da Laffer Abogados em Madri, que representa espanhóis e sul-americanos em acordos de transferência. As equipes têm pedido uma compensação no caso de um atleta negociado por eles receber o prêmio em seu novo clube.
Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, superou Lionel Messi, do Barcelona, e o goleiro Manuel Neuer, do Bayern Munich, e ganhou o prêmio, ontem, em Zurique. Ronaldo era o favorito, após acabar com a sequência de quatro anos de Messi no ano passado.
“A Bola de Ouro está se tornando mais importante” à medida que os contratos do futebol se tornam mais sofisticados, a exemplo de ligas americanas como a NBA, disse García. “É uma forma de medir a publicidade gerada por um jogador”.
O troféu Bola de Ouro foi criado pela revista France Football em 1956 e concedido pela primeira vez ao atacante inglês Stanley Matthews, de 41 anos na ocasião. Na época, apenas jogadores europeus podiam ser escolhidos. Em 2010, a Fifa, órgão que gerencia o futebol mundial, combinou seu prêmio anual, criado em 1991, com o da revista.
Crítica de Platini
Os comitês da Fifa e da revista francesa elaboram a lista de 23 nomes antes de técnicos e capitães das seleções nacionais e jornalistas votarem para escolher o vencedor. Ronaldo recebeu 37,66 por cento de todos os votos, à frente de Messi, com 15,76 por cento, e de Neuer, com 15,72 por cento, disse a Fifa.
O Real Madrid, que tradicionalmente fica com metade da receita de patrocínio dos jogadores, está entre os que se beneficiam do fato de Ronaldo ganhar o prêmio, disse García.
Outros grandes clubes, incluindo o Manchester United, também estão monitorando o perfil de mídia das estrelas para avaliar seu efeito sobre as receitas das equipes, segundo Spencer Nolan, chefe de consultoria no Reino Unido da Repucom, firma de pesquisa do mercado esportivo.
Nos últimos dois anos, o Real Madrid reclamou quando Joseph Blatter e Michel Platini -- os presidentes dos órgãos que gerenciam o futebol mundial e europeu -- saíram a favor de Messi, do Barcelona, e do goleiro da seleção nacional alemã, Neuer, em detrimento de Ronaldo. Platini disse que teria preferido que um integrante da equipe da Alemanha, vencedora da Copa do Mundo de 2014, ganhasse o prêmio.
Cláusula para Di María
O Real Madrid disse em um comunicado do dia 28 de novembro que, como presidente da Uefa, Platini deveria respeitar a “mais estrita neutralidade” no tocante ao prêmio Bola de Ouro.
Um funcionário do Real Madrid, que pediu anonimato devido à política do clube, não quis informar se Ronaldo tem uma cláusula de bônus ou que preveja possíveis destinações financeiras à equipe. O porta-voz do Bayern Munich, Martin Hägele, disse que não poderia confirmar se Neuer receberia um bônus ou não e o porta-voz do Barcelona, Chemi Teres, não respondeu imediatamente a um e-mail em busca de comentário a respeito da situação de Messi.
Em agosto, quando o Real Madrid negociou Ángel di María com o Manchester United por 59,7 milhões de libras (US$ 90 milhões), o clube espanhol acordou um pagamento extra se o atacante ganhasse a Bola de Ouro no clube da Premier League.
De forma similar, o clube brasileiro Santos receberá 2 milhões de euros (US$ 2,4 milhões) se Neymar ficar entre os três melhores jogadores nas futuras edições do prêmio nos anos seguintes à sua negociação com o Barcelona, realizada em 2013, disse a equipe no ano passado.
“Não há dúvida de que a Bola de Ouro aumenta as receitas tanto para o jogador quanto para seu clube”, disse García. “O prêmio está se tornando cada vez mais significativo porque o futebol está se tornando mais comercial”.