Boeing anunciou que faria uma oferta de contrato “melhor e final”, o que foi rejeitada pelos trabalhadores (Jason Redmond/AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 26 de setembro de 2024 às 08h47.
A Boeing confirmou que seu trabalho está "completamente paralisado" com seus 33.000 trabalhadores do sindicato International Association of Machinists and Aerospace Workers em greve desde 13 de setembro.
"A produção de aviões no estado de Washington está temporariamente pausada, incluindo o trabalho no 737 MAX, 767, 777/777X, P-8, KC-46A Tanker, E-7 Wedgetail", disse um porta-voz à Fortune. "O trabalho em nossos locais de fabricação em Washington e Oregon também será temporariamente pausado. Os funcionários não representados por este sindicato continuarão a se apresentar para trabalhar normalmente."
A empresa não disse como e se a paralisação afetará o cronograma de suas últimas entregas de aviões.
“Nossos membros permanecem firmes e continuamos prontos para continuar as negociações mediadas ou diretas com a Boeing”, disse o sindicato na terça-feira. “Isso ficou claro para a empresa e nossos membros. A única maneira de resolver essa greve é por meio de negociações, e fique tranquilo, seu sindicato não negociará pela mídia", criticando indiretamente a empresa de aviação.
No início desta semana, a Boeing anunciou que faria uma oferta de contrato “melhor e final” que incluía um aumento salarial de 30%. Esse número fica aquém do aumento de 40% que o sindicato buscava em negociações anteriores. A greve começou depois que eles rejeitaram um contrato que lhes daria um aumento de 25%.
Em entrevista ao Quartz, o analista do Bank of America, Ron Epstein, disse que a Boeing está perdendo US$ 50 milhões por dia por causa da greve. Isso pode não parecer muito para uma empresa cujo último relatório de lucros trimestrais disse que ela tem uma posição de caixa de US$ 12,6 bilhões. Mas quando essa mesma empresa registrou uma saída de US$ 4,3 bilhões nos últimos meses, o que torna a situação se torna mais complicada.
A crescente tensão nas negociações, com a fabricante de aviões lançando uma "melhor e última oferta" de um aumento de 30% e o sindicato chamando essa oferta de "uma demonstração flagrante de desrespeito", sugere que ambos os lados podem ter mais dificuldade para chegar a um acordo do que o esperado originalmente.
O analista do Bofa observou que o pedido do sindicato geraria mais de US$ 1 bilhão por ano em custos extras, um valor que, de outra forma, poderia ser facilmente superado para uma empresa tão grande. Porém, com a crise atual, a quantia passa a ser significativa para o caixa empresa.
A greve é o resultado de uma série de acontecimentos ruins com a empresa - a explosão da porta do 737 Max da Alaska Airlines no início do ano foi a primeira de uma onda de notícias negativas que atingiram a companhia desde então.