Bill Gross: executivo bateu de frente com a Pimco e tinha ameaçado renunciar em diversas ocasiões (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2014 às 11h58.
Nova York - Bill Gross, um dos mais renomados investidores do mercado de bônus, está saindo da Pimco, a firma de investimentos que ele fundou e a qual seu nome tem sido efetivamente um sinônimo, para se juntar à gestora de recursos rival Janus Capital Group.
O anúncio surpreendente, que mexeu com o mercado de Treasuries nos Estados Unidos, veio apenas dias depois da revelação de que a comissão de valores mobiliários norte-americano, a SEC, está investigando a Pimco e Gross sobre um fundo de índice sob sua gestão.
Uma fonte familiarizada com o assunto disse à Reuters que Gross bateu de frente com o comitê executivo da Pimco e tinha ameaçado renunciar em diversas ocasiões.
Conhecido como "Rei do Bônus" e durante muito tempo gestor do fundo Pimco Total Return Fund, o maior fundo de bônus do mundo, Gross será o responsável por cuidar do fundo Janus Global Unconstrained Bond Fund, disse a Janus em comunicado. Ele começará a trabalhar na Janus em 29 de setembro.
A seguradora alemã Allianz, controladora da Pimco, que é sediada em Newport Beach, Califórnia, disse que não há indicação de que a saída de Gross tenha relação com a investigação da SEC.
A Pimco disse em comunicado que um plano de sucessão está em curso e que a diretoria confirmará um novo vice-presidente de investimentos em breve.
As ações da Allianz caíam mais de 5 por cento na Alemanha após a notícia, enquanto as da Janus disparavam cerca de 35 por cento na bolsa de valores de Nova York.
O mercado de títulos públicos também foi afetado. O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, que se move na direção oposta de seu preço, subiu 4 pontos básicos, para 2,54 por cento.
"A Pimco e Bill Gross são sinônimos", disse o diretor da empresa de pesquisa de fundos mútuos S&P Capital IQ, Todd Rosenbluth. "Será extremamente difícil pensar na Pimco e em Bill Gross separados, e levará tempo para que investidores compreendam que ele não terá mais um papel na maior gestora de renda fixa do mundo", acrescentou.
Gross, 70, que transformou a Pimco em uma gestora de recursos com perto de 2 trilhões de dólares em ativos sob administração, está na mira da SEC em uma investigação sobre se o resultado de um fundo de índice sob sua gestão, com estratégia similar ao Pimco Total Return Fund, inflou os resultados. A investigação foi inicialmente reportada pelo Wall Street Journal.
Gross já esteve sob intenso escrutínio depois das desavenças públicas que teve com seu ex-parceiro de gestão de recursos na Pimco Mohamed El-Erian, que deixou a firma de investimentos no começo deste ano.
A turbulência na diretoria da Pimco foi um catalisador por trás dos persistentes saques do fundo Total Return Fund. Em agosto, o fundo teve seu 16o mês seguido de resgates líquidos, e seu rendimento ficou atrás do visto em 73 por cento de seus pares.