Negócios

Bilionário japonês Tsuji ficou rico vendendo Hello Kitty

Desde o lançamento da Hello Kitty em 1974, Shintaro Tsuji conquistou os corações e as carteiras de meninas, mulheres e celebridades

Mulheres posam ao lado da Hello Kitty: as ações da Sanrio dobraram neste ano, um resultado melhor do que o ganho de 38% do índice de referência japonês Nikkei 225 Stock Averag (Astrid Stawiarz/Getty Images for Sephora)

Mulheres posam ao lado da Hello Kitty: as ações da Sanrio dobraram neste ano, um resultado melhor do que o ganho de 38% do índice de referência japonês Nikkei 225 Stock Averag (Astrid Stawiarz/Getty Images for Sephora)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2013 às 08h08.

Nova York - Tanya Stanich, uma advogada de 43 anos de idade, estava com as mãos cheias de cadernos rosa e preto da Hello Kitty na loja da Sanrio Co. na Times Square, em Manhattan, e pegou uma bolsa enfeitada com lantejoulas com o rosto de um gato desenhado.

Criada em Wisconsin, Stanich foi apresentada ao felino branco que usa um laço vermelho e não tem boca por uma tia da Califórnia, que lhe enviou uma lancheira da Hello Kitty, adesivos, grampos de cabelo e lápis. Agora moradora do bairro West Village, de Nova York, Stanich diz que ainda compra artigos de papelaria da personagem para dar brilho à sua vida.

“É bom ter algo um pouco feminino, chamativo e divertido”, disse Stanich, uma morena esbelta que mantém seu iPhone em uma capa da Hello Kitty. “Eu poderia enlouquecer aqui dentro.”

Fãs leais como Stanich ajudaram a transformar Shintaro Tsuji, 85, fundador da Sanrio, com sede em Tóquio, em bilionário.

Desde o lançamento da Hello Kitty em 1974, Tsuji conquistou os corações e as carteiras de meninas, mulheres e celebridades como Lady Gaga licenciando a personagem, que aparece em forma de brinquedos de pelúcia, assim como em aviões, bolsas de golfe e até vibradores.

As ações da Sanrio dobraram neste ano, um resultado melhor do que o ganho de 38 por cento do índice de referência japonês Nikkei 225 Stock Average. A empresa, que vende cartões de presente com personagens de desenhos animados, opera parques temáticos e produz e distribui filmes, teve 74,25 bilhões de ienes (US$ 898,6 milhões) em vendas em seu último ano fiscal, que terminou em março.

“Ela deve estar no topo entre as franquias mais reconhecidas do mundo”, disse Ted Bestor, diretor do Instituto Reischauer de Estudos Japoneses da Universidade de Harvard, em Cambridge, Massachusetts. “É muito difícil ver qualquer diminuição do gosto japonês por coisas fofas”.

‘Strawberry King’

Tsuji é presidente e CEO da Sanrio, enquanto seu filho Kunihiko, 61, é o diretor de operações e vice-presidente executivo sênior. O bilionário, que nunca apareceu em um ranking de riqueza internacional, controla 1,8 milhão de ações da Sanrio diretamente e 18,1 milhões mais por meio de Kunihiko e trusts gerenciados por sua esposa, Yasuko.


O bilionário, que escreve boletins informativos da empresa sob o pseudônimo Strawberry King, nasceu em uma família rica, que gerenciava restaurantes e pousadas na província de Yamanashi, uma região rural a 101 quilômetros de Tóquio, de acordo com o livro “Hello Kitty: The Remarkable Story of Sanrio and the Billion Dollar Feline Phenomenon”, dos jornalistas Ken Belson e Brian Bremner, publicado em 2003.

A personagem explodiu após Tsuji vender seu primeiro produto Hello Kitty, uma bolsa para moedas, em 1975. Houve um ressurgimento na década de 1990, destacando-se em um grupo de 450 personagens da Sanrio, escreveram Belson e Bremner. Em 2000, multidões lotaram as lojas da McDonald’s Corp. em Cingapura para comprar bonecas de Hello Kitty e seu companheiro, Dear Daniel, vestidos em trajes de casamento.

“O traço comum em todo o nosso vasto negócio é a ideia de dar ‘do coração’ e ‘para o coração’”, disse Tsuji no site da empresa. “Queremos ajudar as pessoas a compartilharem seus sentimentos importantes com os outros”.

Tsuji reorientou a empresa em direção ao licenciamento de sua propriedade intelectual para as empresas que fazem diferentes itens baseados em personagens da Sanrio, em vez de apenas focar em vendas de produtos. A estratégia ajudou a duplicar a margem de lucro operacional da companhia para 27 por cento ao longo dos últimos quatro anos, de acordo com uma apresentação da empresa, de 31 de julho.

Dos 11 analistas que cobrem a Sanrio, cinco recomendam comprar as ações, cinco avaliam que é melhor “segurar” e um sugere vender, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Além de Kitty

Seguir criando e mantendo a agitação permitirá à Hello Kitty, agora com quase 40 anos de idade, seguir relevante, de acordo com Christine Yano, presidente do Departamento de Antropologia da Universidade do Havaí.

“Parte disso é colocar a fofura na moda”, disse Yano, o autor de “Pink Globalization: Hello Kitty’s Trek Across the Pacific. Toda vez que você vê a escandalosa imagem de um lutador de MMA vestindo uma tanga rosa da Hello Kitty, você tem que rir”.

A Sanrio está tentando diversificar para além da Hello Kitty. Dois anos atrás, ela comprou os direitos do desenho Mr. Men, da Chorion Ltd., o primeiro personagem que a empresa não desenvolveu internamente.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaBilionáriosEmpreendedoresEmpreendedorismoHello KittyJapãoPaíses ricosPequenas empresas

Mais de Negócios

"Tinder do aço": conheça a startup que deve faturar R$ 7 milhões com digitalização do setor

Sears: o que aconteceu com a gigante rede de lojas americana famosa no Brasil nos anos 1980

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões