Jorge Vargas Neto, um dos fundadores da BHub: carteira de 4.000 clientes cresceu cinco vezes em 2024 — e deve multiplicar por quatro no ano que vem (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 25 de setembro de 2024 às 10h25.
Última atualização em 25 de setembro de 2024 às 10h36.
Uma das empresas pioneiras no mundo a transformar o back office de outras empresas num produto, a startup BHub recebeu 74 milhões de reais num aporte liderado pelo International Finance Corporation (IFC), braço de investimento do Banco Mundial focado em negócios de países em desenvolvimento.
A rodada teve também a participação dos fundos Valor Capital, Monashees e Latitud. O aporte avaliou a BHub em 160 milhões de dólares, algo como 900 milhões de reais.
Em três anos de BHub, a empresa fundada por Jorge Vargas Neto já levantou 250 milhões de reais. Foram duas rodadas: uma do tipo semente liderada pelo Monasheed e Valor Capital e uma Série A, em dezembro de 2021.
Nesta, entraram como investidores:
A chegada do IFC atesta a função social do negócio da BHub, nas palavras do fundador.
"A lacuna de produtividade no Brasil entre PMEs e grandes corporações é uma das maiores do mundo, dificultando o desenvolvimento das operações dos empreendedores e aumentando os riscos de falência", diz Vargas Neto.
"A BHub ajuda a reduzir essa lacuna ao melhorar a gestão financeira das PMEs."
O negócio da BHub é dar jeito em todo tipo de processo necessário para o funcionamento de uma empresa, mas sem relação com a atividade fim da empresa em si. É, nas palavras de Vargas Neto, um 'back office as a service'.
Na lista estão burocracias como ordens de pagamento a funcionários e fornecedores, resolução de pendências jurídicas e por aí.
Em planos com assinatura mensal, os clientes da BHub selecionam serviços como gestão de contas a pagar e receber, gestão de folha e benefícios, contabilidade e paralegal.
O modelo de negócio da BHub é similar ao do unicórnio americano Pilot, alvo de um investimento do fundo do bilionário americano Jeff Bezos, em março de 2021. Na ocasião, a empresa foi avaliada em 1,2 bilhão de dólares.
A chegada do IFC vem num momento de expansão acelerada da BHub. Nas contas de Vargas Neto, a base de clientes cresceu cinco vezes desde o início do ano.
Hoje, são mais de 4.000, a maioria deles PMEs com dificuldades para, entre outras coisas, navegar pelas complexidades do sistema tributário brasileiro. Em 2025, a meta é multiplicar por quatro a carteira.
Entre os clientes estão startups como a corretora de planos de saúde Pipo, a empresa de banking as a service Swap e a locadora de veículos Kovi. Além disso, os serviços da BHub têm boa entrada entre profissionais liberais, como médicos e infoprodutores.
Por ano, a plataforma da BHub registra mais de 1 bilhão de reais entre contas a pagar e a receber dos balanços dos clientes.
Para chegar até eles, a estratégia da BHub tem sido a de transformar escritórios de contabilidade em parceiros comerciais, um modelo semelhante ao de escritórios de investimentos plugados a plataformas financeiras como a do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
Pelo formato, a BHub entra com tecnologia para automação de boa parte do trabalho manual feito pelos contadores hoje em dia, como o cálculo de impostos.
É uma dor crescente de quem trabalha no setor: nos últimos anos, a Receita Federal tem ampliado o leque de informações exigidas em relatórios contábeis de empresas que operam sob o regime de lucro presumido ou real.
"Podemos fazer aqui todo o processamento contábil e financeiro e os contadores ficam com a função consultiva e comercial junto aos clientes deles", diz Vargas Neto.
Hoje, 11 dos maiores escritórios de contabilidade do país já revendem os serviços da BHub aos clientes deles. "Como o Brasil tem 82.000 escritórios de contabilidade, temos ainda muita oportunidade de expansão sem precisar sair do Brasil."
O dinheiro do aporte liderado pelo IFC será usado para desenvolver tecnologias. Em particular, um robô virtual dotado de uma inteligência artificial para auxiliar contadores na tomada de decisão.
A meta para 2025 é chegar a um faturamento de 120 milhões de reais e alcançar o breakeven.
Caso os objetivos sejam concretizados, Vargas Neto pretende fazer uma nova captação, do tipo Série B, também no ano que vem.
Antes de fundar a BHub, em junho de 2021, Vargas Neto trabalhou quase uma década no escritório de advocacia Pinheiro Neto assessorando empresas de tecnologia. David Vélez, fundador do Nubank, foi um dos clientes.
O contato frequente com empreendedores fez dele um empreendedor também. Antes de fundar a BHub, Vargas Neto criou a Biva, fintech de crédito vendida ao PagSeguro em 2017, e a ZenFinance, startup de crédito adquirida pela Rappi em 2020.