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BHP quer reestruturar Samarco e Vale busca mais tempo

A Samarco Mineração, como a joint venture é formalmente conhecida, está paralisada desde o rompimento da barragem de rejeitos em MG, há um ano

Samarco: a preferência da BHP pela reestruturação agora significaria uma perda para os credores, disseram as pessoas (Ricardo Moraes/Reuters)

Samarco: a preferência da BHP pela reestruturação agora significaria uma perda para os credores, disseram as pessoas (Ricardo Moraes/Reuters)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 16 de novembro de 2016 às 17h49.

Rio de Janeiro - A BHP Billiton está pressionando para reestruturar a dívida na Samarco SA, enquanto sua sócia Vale prefere um período de carência de pagamento até conseguir garantir as licenças para retomar a mineração, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

Apesar de dizerem que não pretendem cobrir mais de US$ 3 bilhões em dívidas da Samarco, as donas da empresa divergem em relação a como a mineradora deve abordar os bancos e os detentores de títulos depois de um ano de paralisação da produção, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as negociações são privadas.

A preferência da BHP pela reestruturação agora significaria uma perda para os credores, disseram as pessoas.

A Samarco Mineração, como a joint venture é formalmente conhecida, está paralisada desde o rompimento da barragem de rejeitos em Minas Gerais, há um ano.

O acidente, descrito pelo governo como o pior desastre ambiental da história do Brasil, matou 19 pessoas e poluiu rios em dois estados.

A empresa já deixou de fazer dois pagamentos de cupons de títulos. Seus títulos com vencimento em 2022 são negociados em cerca de 35 centavos de dólar, contra 39 centavos no fim do mês passado.

As abordagens divergentes sobre a dívida da Samarco se baseiam na dependência das duas companhias em relação ao Brasil.

A Samarco é a extensão da presença da BHP no país e a empresa com sede em Melbourne, na Austrália, está reavaliando suas estruturas de propriedade compartilhada em todo o mundo.

No caso da Vale, o Brasil é a sede corporativa, o centro de suas operações e uma fonte significativa de financiamento da empresa.

A BHP e a Vale informaram que, apesar de ajudarem a financiar os trabalhos de limpeza e reparações, não cobrirão os pagamentos da dívida da Samarco.

Ambas querem que a Samarco volte a operar novamente para que a companhia possa financiar a limpeza e voltar a cumprir seus compromissos financeiros sem a ajuda das duas sócias.

A Samarco preferiu não comentar o assunto, a Vale não comentou imediatamente e a BHP preferiu não comentar discussões específicas entre as sócias ou diferenças de abordagem.

‘Fazer sacrifícios’

Negociações são necessárias sobre assuntos como reestruturação de dívidas e administração da operação para permitir um reinício seguro da Samarco, disse Daniel Malchuk, chefe da unidade de minerais da BHP nas Américas, em comunicado enviado por e-mail.

“Todos os envolvidos com a Samarco precisarão fazer sacrifícios”, disse Malchuk.

“Ela precisará do balanço, da estrutura de custo e da governança corretos para reiniciar a operação. A questão não se resume à Vale e à BHP Billiton. Inclui bancos, autoridades e todos precisam fazer um esforço para que isso funcione.”

A Samarco, que tem um plano de retomada parcial, está aguardando aprovação de seu licenciamento. Órgãos reguladores e políticos locais disseram que a Samarco pode conseguir retomar as operações em meados do ano que vem.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, sinalizou diferenças com a BHP em relação à Samarco na conferência de resultados da empresa no mês passado.

Antes do rompimento da barragem da Samarco a empresa era a segunda maior produtora de pelotas de minério de ferro do mundo e gerava mais de R$ 2 bilhões (US$ 580 milhões) em lucro anual para suas proprietárias.

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