A BHP Billiton: a BHP e a Rio Tinto poderiam crescer em até US$ 21 bilhões através da venda de ações para fortalecer suas finanças (Ryan Pierse/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 21h13.
Nada obriga tanto a mudar quanto a necessidade.
O colapso de US$ 1,4 trilhão no valor das ações de mineração desde 2011 está obrigando a remodelar a indústria quando todos, menos as empresas mais fortes, estão pressionadas pelos preços mais baixos das commodities em seis anos.
A Rio Tinto e a BHP Billiton estão entre as melhores posicionadas para conseguir os ativos vendidos por rivais desesperadas para conter as perdas ou pagar dívidas.
“Nós apoiaríamos”, disse Martin Gilbert, CEO da Aberdeen Asset Management, em entrevista à Bloomberg TV na terça-feira. A Aberdeen administra mais de US$ 400 bilhões e é o segundo maior investidor em ações da BHP e o quinto maior detentor de ações da Rio Tinto, em Londres.
“Eles são financeiramente bastante fortes e os produtores com menor custo no setor, por isso, se existir uma oportunidade para se consolidar, sim, claramente faria sentido fazer isso”, disse ele. A Rio Tinto e a BHP provavelmente usariam dinheiro e ações em qualquer acordo potencial, acrescentou. A Aberdeen possui 5,7 por cento das ações da BHP e 2,9 por cento das ações da Rio Tinto negociadas em Londres. As duas empresas estão listadas em Sidney e Londres.
A queda dos preços das commodities, combinada com uma farra de dívida na década passada por operadores de minas animados com o aumento do apetite chinês por matérias-primas, significa que mesmo antigos titãs da indústria estão negociando com valorizações mínimas. O índice Bloomberg World Mining caiu para seu nível mais baixo desde 2004 com a demanda chinesa vacilante. A Anglo American, que valia quase 50 bilhões de libras (US$ 73 bilhões) em 2008, agora está avaliada em cerca de 3 bilhões de libras.
“Teremos recursos fantásticos disponíveis a preços vantajosos no mercado ao longo dos próximos três a seis meses”, disse Simon Grenfell, co-diretor de mercado global de commodities da Natixis, em Londres.
Indústria diferente
A BHP e a Rio Tinto poderiam crescer em até US$ 21 bilhões através da venda de ações para fortalecer suas finanças, em preparação para abocanhar as pechinchas, disseram na semana passada os analistas do Bank of America liderados por Jason Fairclough. Isso tiraria uma grande fatia do financiamento disponível para as ações dos investidores, de acordo com os analistas.
“O que é certo sobre 2016 é que, se prevalecerem as condições atuais, veremos uma indústria de mineração muito diferente globalmente daqui a 12 meses”, disse Jeremy Wrathall, chefe de recursos naturais globais na Investec, de Londres. “Aqueles que não têm dívida vão remodelar a indústria. Vamos ter uma mudança dos ativos”.
Se a BHP e a Rio Tinto venderem ações, isso “poderia acelerar o início dos problemas de outras empresas mais alavancadas”, incluindo a Anglo American, Fortescue Metals Group e Teck Resources, ajudando a mover ativos de melhor qualidade, de acordo com analistas do Bank of America.
Queda do cobre
O cobre será um grande alvo para as duas maiores empresas de mineração do mundo. O CEO da Rio Tinto, Sam Walsh, e o da BHP, Andrew Mackenzie, já disseram que estariam interessados em adquirir minas de cobre de qualidade superior a um preço justo.
O mercado para o metal vai entrar em déficit em 2016 depois que a maior queda nos preços desde a crise financeira obrigou produtores a diminuir a produção, de acordo com a Macquarie Group. Os preços serão em média de US$ 6.500 por tonelada em 2019, um aumento de mais de 40 por cento dos níveis atuais, prevê o Morgan Stanley.
A Anglo e a Glencore possuem 44 por cento cada uma da mina gigante de cobre Collahuasi, no Chile. Apenas uma dessas participações poderia valer até US$ 5 bilhões, de acordo com o Bank of America.
Negócios em queda
Mesmo assim, transações envolvendo produtores de cobre ou minas anunciadas no ano passado caíram para US$ 4,3 bilhões, dos US$ 17 bilhões um ano antes, fazendo de 2015 o ano mais lento para negócios desde 2009, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A única negociação de US$ 1 bilhão ou mais foi uma compra da participação da Barrick Gold na mina Zaldivar no Chile pela Antofagasta.
O valor das transações concluídas na mineração e no aço caiu para aproximadamente US$ 54 bilhões no ano passado, dos US$ 98 bilhões no ano anterior e com o ponto mais alto de US$ 224 bilhões em 2006, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O número de 2015 exclui cerca de US$ 35 bilhões em negócios pendentes.
A Rio Tinto, com o balanço patrimonial mais forte do setor, está na melhor posição para tirar proveito das baixas avaliações, de acordo com Rob Clifford, analista de mineração do Deutsche Bank em Londres.
- Com a colaboração de Thomas Biesheuvel e Manus Cranny.