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Bezos investirá todo o lucro do 2º tri da Amazon em luta contra covid-19

O movimento pode beneficiar a empresa, uma vez que surtos do coronavírus aconteceram em armazéns nos EUA; vice-presidente anunciou demissão nesta segunda

Jeff Bezos: "nossa expectativa é investir a totalidade desses 4 bilhões de dólares, e talvez até um pouco mais, em gastos relacionados à covid-19" (Alex Wong/Getty Images)

Jeff Bezos: "nossa expectativa é investir a totalidade desses 4 bilhões de dólares, e talvez até um pouco mais, em gastos relacionados à covid-19" (Alex Wong/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 4 de maio de 2020 às 12h25.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 16h48.

O último balanço da Amazon foi positivo apesar da pandemia do novo coronavírus. Divulgado na última quinta-feira (30), o lucro no trimestre foi de 75,5 bilhões de dólares, um aumento de 26% se comparado ao mesmo período do ano passado. Em tempos de quarentena, a demanda da varejista aumentou e cada vez mais pessoas têm enchido o carrinho eletrônico da varejista. "O serviço que oferecemos nunca foi mais crítico", afirmou Jeff Bezos, fundador da empresa e homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada de 139 bilhões de dólares, segundo a Bloomberg.

Mesmo com o lucro nesse trimestre, o próximo vai ser consumido por gastos relacionados à covid-19. "Se você é um acionista da Amazon, talvez queira sentar-se, porque não estamos pensando pequeno. Sob circustâncias normais, nesse próximo trimestre, esperaríamos fazer 4 bilhões de dólares ou mais em lucro operacional. Mas essas não são circustâncias comuns. Em vez disso, nossa expectativa é investir a totalidade desses 4 bilhões de dólares, e talvez até um pouco mais, em gastos relacionados à covid-19, comprando produtos para os clientes e mantendo os empregados seguros", afirmou Bezos.

O movimento é inteligente e pode beneficiar a empresa a longo prazo, uma vez que ela tem sido duramente criticada pela confirmação de surtos da doença em armazéns da companhia nos Estados Unidos. Em 23 de abril, um funcionário disse ao site americano Business Insider que 30 trabalhadores contraíram covid-19 no local. Como consequência, colaboradores foram demitidos por terem falado sobre a situação dos armazéns à imprensa.

Nesta segunda-feira (4), a situação alcançou a liderança da Amazon. O vice-presidente e engenheiro sênior, Tim Bray, anunciou a sua saída da empresa. Em comunicado publicado em seu blog pessoal, Bray afirmou que "permanecer como VP da empresa significaria estar de acordo com ações que ele desprezava". "As vítimas não eram entidades abstratas, mas pessoas reais. Tenho certeza de que é uma coincidência que todos os demitidos sejam ou mulheres, ou minorias raciais, ou os dois. Certo?", escreveu ele. "No fim do dia, é tudo sobre poder. Os trabalhadores do armazém são fracos e estão ficando ainda mais fracos, com o desemprego em massa nos EUA e a falta de seguro de saúde. Então eles serão maltratados, por causa do capitalismo. Qualquer solução plausível começa em aumentar a força coletiva", afirmou.

Para Bray, o problema trabalhista da empresa é estrutural e já existia muito antes da pandemia. "O grande problema não é a resposta à covid-19 [...] A Amazon é excepcionalmente bem gerenciada e demonstra uma ótima habilidade em encontrar oportunidades e construir processos repetitivos para explorá-las. A companhia tem uma falta de visão sobre o custo humano do crescimento implacável e do acúmulo de riqueza e poder."

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