Rio Xingu, onde deve ser construída a usina de Belo Monte: a empresa de energia do Bertin, anunciou sua saída do consórcio em meio a acusações de que não havia dado garantias financeiras (Paulo Jares/VEJA)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2011 às 11h36.
São Paulo - O Bertin deveria ter colocado em funcionamento no dia 1º de janeiro seis usinas do leilão A-3. Pelo atraso no cronograma, a empresa foi multada em 1,2 milhão de reais pela ANEEL, a agência que regula o setor elétrico. O Bertin ainda não pagou as multas, impostas no começo de maio, e precisa pagá-las até os dias 27 ou 28 de junho – caso contrário, seu nome será incluso no Cadin, o cadastro dos inadimplentes junto ao poder público.
Com o nome no Cadin, a empresa ficaria impossibilitada de obter empréstimos no BNDES, por exemplo. Ela também perderia o direito a incentivos fiscais e não conseguiria fazer acordos ou contratos que envolvessem o desembolso de recursos públicos.
A potência das seis usinas somadas representa 1.059 megawatts (cada uma tem 176,5 megawatts de potência). As seis usinas são assim denominadas: MC2 Feira de Santana, MC2 Dias Dávila 2, MC2 Dias Dávila 1, MC2 Catu, MC2 Camaçari 1 e MC2 Senhor do Bonfim.
Outras pendências
No final de maio, o Bertin Energia efetuou o pagamento de 220 milhões de reais à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O valor refere-se às pendências que o braço de energia do Bertin tinha junto à Chesf (Centrais Hidrelétricas do São Francisco), relativas às usinas termelétricas de Maracanaú (CE) e Borborema (PB) – que tem capacidade instalada de 320 megawatts e estão em operação desde janeiro de 2010.
Com o pagamento, o valor da penalidade de 71,5 milhões de reais que o grupo tinha com a CCEE deve mudar. A CCEE não dá informações sobre as empresas, separadamente, mas afirma que o pagamento reduziu a inadimplência geral na CCEE em cerca de 60%. O grupo Bertin confirma a mudança no valor da multa, mas diz que ainda desconhece o novo montante.
Além das usinas do leilão A-3, o Bertin terá que entregar 15 usinas, referentes ao leilão A-5. A entrega de energia dessas usinas será em 2013. Por enquanto o cronograma de obras dessas usinas não está atrasado.
Do total, 13 usinas são movidas a óleo e duas, a gás natural. E é sobre essas duas que paira uma nova dúvida. A Petrobras afirmou que não vai fornecer gás para as duas usinas do Bertin – o que o grupo nega. A Petrobras também disse que exerceu sua opção no contrato de Suape II com o Bertin e que passou a deter o controle de Suape II, para garantir que a obra cumpra o prazo previsto. O grupo Bertin afirma que segue com 80% de Suape II.
Higiene, beleza e estradas
Na semana passada, o grupo Bertin vendeu seus ativos de higiene e beleza para a holding que controla o JBS, a J&F, por 350 milhões de reais. O JBS já havia comprado a divisão de carnes do grupo, em 2009, quando o Bertin decidiu focar em infraestrutura e energia
No começo desse ano, o braço de infraestrutura do Bertin, a Contern, demorou para pagar a outorga relacionada à construção do trecho leste e à operação do trecho sul do Rodoanel – uma licitação que venceu oferecendo um ousado valor para as tarifas. Em março o grupo pagou a outorga de 389 milhões de reais, incluindo correções, e garantiu os recursos de capital próprio para o primeiro ano do trecho Leste do Rodoanel.
A empresa de energia do Bertin, a Gaia, já fez parte do consórcio da Usina de Belo Monte, mas anunciou sua saída do consórcio em meio a acusações de que não havia dado garantias financeiras. A Vale entrou em seu lugar.