Aldemir Bendine: ele e Ivan Monteiro irão assinar balanços do terceiro e do quarto trimestres do ano passado (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 15h46.
Brasília - Sob o comando de Aldemir Bendine, a nova diretoria da Petrobras assumiu nesta segunda-feira, 09, a empresa sem um período de transição com a antiga gestão.
Os cinco executivos que pediram demissão, na semana passada - todos aposentados ou em processo de aposentadoria -, já não dão mais expediente na empresa.
Também não há previsão de que Graça Foster, ex-presidente, compareça à estatal.
Segundo o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou, os executivos da antiga diretoria se colocaram à disposição de Bendine para uma eventual colaboração.
Mas, até agora, não houve qualquer convocação. A área financeira já está sendo dirigida por Ivan Monteiro, que integrava, com Bendine, a diretoria do Banco do Brasil.
Monteiro é o único titular da nova diretoria. Os outros quatro substitutos dos demissionários são interinos e eram os "segundos" em cada área. A escolha dos titulares caberá a Bendine.
Ao novo presidente caberá também a incumbência de referendar e incluir no balanço do terceiro trimestre do ano passado o cálculo das perdas com corrupção.
A cifra que chegou a ser apresentada por Graça, de R$ 61 bilhões (diferença entre os R$ 88 bilhões em ativos superavaliados e os R$ 27 bilhões dos subavaliados, conforme estudo das consultorias contratadas pela estatal) está totalmente descartada.
Bendine e Monteiro irão assinar os balanços do terceiro e do quarto trimestres do ano passado.
Segundo uma fonte com acesso às negociações, o regulamento determina que assina o documento quem está no exercício da direção.
Caso haja, durante o processo, a descoberta de alguma irregularidade na contabilidade, cometida pela antiga diretoria, quem irá responder será a ex-presidente Graça Foster e o ex-diretor financeiro Almir Barbassa.
Mas todas as decisões tomadas de hoje por diante (inclusive o cálculo a ser incluído no balanço e a metodologia usada para isso) serão responsabilidade dos novos gestores.
A antiga diretoria deixou para a atual um esboço do plano de investimentos 2015-2019, com redução significativa em relação aos US$ 220,6 bilhões previstos no período anterior, que ainda incluía os projetos, já expurgados, das refinarias Premium I e II, no Maranhão e Ceará.
O planejamento apresentado no ano passado pela Petrobras já trazia um enxugamento de US$ 16,1 bilhões previstos no período 2013-2017. O corte deste ano pode ser ainda mais expressivo.
Bendine e Monteiro receberam da antiga diretoria relatórios das diversas áreas.
Pelo acompanhamento da antiga gestão, a companhia terá de recorrer ao mercado para reforçar o caixa ainda este ano, provavelmente no segundo semestre.
Reportagem publicada pelo Broadcast no dia 30 de janeiro mostra que, pelas contas do mercado, a empresa precisaria captar de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões para fechar o ano de 2015.
Como no momento há zero de chance de captação externa sem o balanço anual e com as investigações no âmbito da Operação Lava Jato, a saída seria voltar ao mercado doméstico de debêntures.
Após uma década fora desse mercado, a expectativa é de que essa operação seria de ao menos US$ 2 bilhões este ano.