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BB prevê que 2º semestre será bem melhor para crédito

De acordo com o presidente do BB, a trajetória de recuperação da economia se dará de forma consistente e vai colocar o país numa situação "robusta"

Caffarelli: informou que o BB criou uma unidade específica de captação e investimentos para assessoramento financeiro aos clientes (Viviane Vilela/VOCÊ S/A)

Caffarelli: informou que o BB criou uma unidade específica de captação e investimentos para assessoramento financeiro aos clientes (Viviane Vilela/VOCÊ S/A)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 14h53.

São Paulo - O segundo semestre será "bem melhor" para o desempenho da carteira de crédito do Banco do Brasil do que foi a primeira metade de 2017, de acordo com o presidente Paulo Caffarelli. "A reação da carteira de crédito não aconteceu como esperávamos no primeiro semestre de 2017", disse ele, em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quinta-feira, 10.

Pesou, sobretudo, o cenário macroeconômico, que segundo ele já dá sinais de melhora. De acordo com o presidente do BB, a trajetória de recuperação da economia se dará de forma consistente e vai colocar o País numa situação "robusta".

Do lado do crédito para o agronegócio, Caffarelli destacou que o banco está convicto de que vai liberar 100% do seu orçamento para a safra 2017/2018, de mais de R$ 100 bilhões. O vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Risco do BB, Márcio Hamilton Ferreira, acrescentou que o segmento tem sido mais assediado pelos bancos privados.

Inadimplência

O Banco do Brasil espera que seu índice de inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, fique estável no segundo semestre, de acordo com Caffarelli. A instituição, segundo o executivo, já esperava que o indicador subisse no primeiro semestre como reflexo do cenário macroeconômico atual.

"Já havíamos sinalizado que teríamos oscilações com relação à inadimplência. Não é fato novo. A notícia boa é que a formação da inadimplência mostra que o banco está em uma trajetória completamente diferente", destacou Caffarelli.

Segundo ele, o fato de o banco ter maior exposição que seus pares ao segmento de micro, pequenas e médias empresas o penaliza em termos de inadimplência uma vez que o setor foi um dos que mais sofreu com a crise no País. Lembrou ainda que créditos concedidos a grandes grupos com elevados volumes também influenciaram os calotes como, por exemplo, segundo fontes, o caso da operadora Oi, que entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado.

"Muitos bancos não estavam fazendo crédito e com desembolso menor que o nosso. Por isso, quando passam a fazê-lo, a inadimplência reduz", explicou Caffarelli.

Márcio Hamilton Ferreira acrescentou que o banco segue confortável com o atual nível de provisão para devedores duvidosos, que o banco chama de PCLD, e que o fluxo desse colchão sinaliza um processo de maior qualidade não só da carteira do banco bem como da originação de novos empréstimos. "O fluxo de PCLD dá tranquilidade de que o nosso índice de inadimplência ficará mais estável para frente", acrescentou o executivo.

Unidades de captação

Caffarelli informou que a instituição criou uma unidade específica de captação e investimentos para assessoramento financeiro aos clientes. "Essa unidade estará dedicada a desenvolver produtos e serviços a partir de necessidades dos clientes", resumiu.

Ele antecipou que a criação da unidade é o primeiro de alguns passos que o Banco do Brasil deve tomar frente à necessidade de adequação de produtos e serviços aos clientes e ainda um posicionamento da instituição junto aos seus concorrentes. O executivo já havia falado anteriormente que o BB se posicionaria para atrair seus clientes que hoje se relacionam mais com outros bancos.

Gestão e eficiência

O presidente do Banco do Brasil afirmou também que o resultado do primeiro semestre demonstra que a instituição é hoje "muito mais eficiente" e está preparada para entregar números crescentes assim que a conjuntura econômica permita. "Temos feito gestão criteriosa de despesas e alcançamos o melhor índice de eficiência de nossa história, de 38,9%", destacou.

Caffarelli disse que o ambiente econômico não possibilitou crescimento vigoroso da carteira de crédito do banco, mas que já há sinais de retomada. De acordo com o executivo, a linha de consignado, com desconto em folha de pagamentos, teve em junho seu melhor desempenho desde meados de 2014 e os empréstimos pessoal e destinado a compra de veículos já demonstram sinais de recuperação.

"Temos excelentes notícias. O IPCA de 12 meses teve crescimento de 3% ao final de junho e em julho a inflação subiu 2,7%. Para agosto, o índice projetado é de 2,9% e em setembro de 3,2%. No primeiro semestre, tivemos importantes sinais de inflação do ciclo econômico recessivo até então", avaliou Caffarelli, que acrescentou: "O pior já ficou para trás."

O BB espera, conforme o executivo, que o IPCA feche o ano em 3,7% e suba para 4,2% em 2018. Para a taxa básica de juros, a Selic, o banco projeta 7,5% para este e o próximo ano. Já o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 0,5% este ano e 2,3% em 2018.

O presidente do BB destacou ainda a melhora do retorno (RSPL) no segundo trimestre, com a aproximação da instituição junto à rentabilidade apresentada pelos bancos privados.

Classificação de clientes

O Banco do Brasil fez uma mudança na metodologia de classificação de clientes pessoas físicas a partir de maio, acrescentando uma nota mais sob medida para novas operações de crédito, de acordo com o vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores do banco, Alberto Monteiro de Queiroz Netto. Esse foi o motivo, segundo ele, para o aumento de mais de R$ 25 bilhões no rating B no segundo trimestre ante o primeiro.

"O rating de alguns clientes pessoas físicas já começa em B e não mais em A", destacou Monteiro, em coletiva de imprensa, acrescentando que a mudança não reflete aumento da inadimplência.

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, afirmou ainda que a reclassificação de rating B na PF reflete maior conservadorismo do banco.

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