No fim de 2011, o total de empréstimos do BB era de 390,5 bilhões de reais (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2012 às 16h10.
São Paulo - A combinação de avanço maior do crédito, inadimplência menor e lucro acima das expectativas fez o Banco do Brasil ofuscar seus principais concorrentes no último trimestre de 2011.
E o plano do maior banco brasileiro por ativos é usar mais da receita que tem implementado desde 2009 -foco em linhas de crédito com menos margens, porém mais seguras- para seguir a ter desempenho acima da média este ano.
"Trabalhamos com um cenário de induzir queda dos spreads (bancários), com mais ênfase em linhas como o consignado", disse à Reuters o presidente-executivo da instituição, Aldemir Bendine, nesta terça-feira.
Mais cedo, o BB anunciara ter fechado o quarto trimestre com lucro líquido de 2,97 bilhões de reais, uma queda de 25,7 por cento na comparação anual, devido a efeitos não recorrentes que inflaram os resultados no final de 2010.
Em bases recorrentes, o lucro foi de 3,025 bilhões de reais no período, resultado 18,3 por cento menor, devido entre outros fatores à performance do Banco Votorantim, do qual detém 49 por cento e que teve prejuízo líquido de 656 milhões de reais.
De todo modo, o resultado ficou acima da expectativa média de analistas consultados pela Reuters, de lucro recorrente de 2,73 bilhões de reais. Foi, aliás, o único dentre os quatro maiores bancos do país a conseguir ao mesmo tempo superar a previsão de lucro e manter a qualidade da carteira.
No fim de 2011, o total de empréstimos do BB era de 390,5 bilhões de reais, uma expansão de 15,6 por cento sobre um ano antes. O índice de inadimplência, medido pelo saldo de operações vencidas há mais de 90 dias, ficou em 2,1 por cento, igual ao trimestre anterior a abaixo dos 2,3 por cento de um ano antes.
Nas últimas duas semanas, os principais concorrentes do BB listados na bolsa Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil divulgaram resultados abaixo das previsões de analistas, em meio à combinação de maiores custos, crescimento da inadimplência e desaceleração do crédito.
"O índice de inadimplência do BB surpreendeu positivamente, pois caiu ano contra ano, ao contrário do que vimos nos números do sistema financeiro", observaram os analistas Leonardo Zanfelício e Karina Freitas, da corretora Concórdia, em relatório.
A reação do mercado aos números também era positiva. Às 15h42, a ação do banco subia 3,79 por cento, a 27,39 reais, enquanto o Ibovespa recuava 0,6 por cento.
De todo modo, as despesas do BB com provisões para perdas esperadas com calotes subiu 35,2 por cento no quarto trimestre, na comparação anual, para 2,89 bilhões de reais. O movimento foi atribuído pelo banco a uma política mais cautelosa.
Devido à queda no lucro, a rentabilidade sobre patrimônio também encolheu 4,6 pontos percentuais de outubro a dezembro, para 22,4 por cento. Em outra frente, porém, o índice de eficiência do banco melhorou 0,5 ponto na comparação anual, a 42,1 por cento.
Projeções
A previsão do BB é de que sua carteira de crédito cresça entre 17 e 21 por cento este ano, que a rentabilidade fique em 19 a 22 por cento e que a margem financeira bruta se situe entre 11 e 15 por cento. O banco também estima uma expansão de 8 a 12 por cento das despesas administrativas e uma receita com serviços de 13 a 18 por cento maior.
De acordo com Bendine, o foco na internacionalização para este ano é consolidar operações existentes. "Não prevemos aquisições significativas no exterior este ano", disse Bendine a jornalistas.
O vice-presidente de Finanças da instituição, Ivan Monteiro, afirmou também que, após a captação de 1 bilhão de dólares em bônus perpétuos em janeiro, o reforço de 0,3 ponto no índice de Basileia, para 14,3 por cento, reduz bastante a chance de o banco buscar mais capital com uma oferta de ações.