A Bayer vai manter o nome de marcas conhecidas entre seus clientes agricultores como Dekalb (milho e colza), Seminis (hortícolas) ou De Ruiter (hortícolas) (Ina Fassbender/Reuters)
AFP
Publicado em 16 de agosto de 2018 às 12h06.
Última atualização em 16 de agosto de 2018 às 12h07.
O grupo farmacêutico alemão Bayer anunciou nesta quinta-feira que iniciará a fase de integração da gigante americana dos OGM (organismos geneticamente modificados) e sementes, Monsanto, depois da venda formal de parte de suas atividades agroquímicas à Basf.
"A integração da Monsanto ao grupo Bayer já pode começar", indicou a empresa.
Tudo isso acontece em um contexto de problemas judiciais para a Monsanto, e de dúvida dos investidores sobre a importância para a Bayer desta união de 66 bilhões de dólares.
Um tribunal de San Francisco condenou a Monsanto a pagar quase 290 milhões de dólares de indenização a Dewayne Johnson, um jardineiro americano de 46 anos que assegura que os produtos da Monsanto, especialmente o Roundup que usou durante anos, causaram a ele um câncer e que a multinacional ocultou a sua periculosidade.
Herbicida mais utilizado no mundo, desde que a patente da Monsanto caiu em domínio público em 2000, o RoundUp também é acusado de causar danos ao meio ambiente, contribuir para o desaparecimento das abelhas, e de ser um disruptor endócrino.
Em junho, a Bayer havia anunciado que desapareceria com o nome da Monsanto, chamada por seus críticos de "Monsatã" ou "Mutante", após a aquisição da companhia americana.
O anúncio foi, contudo, puramente formal, porque a Bayer comercializará exatamente as mesmas sementes e produtos fitossanitários.
A Bayer vai manter o nome de marcas muito conhecidas entre seus clientes agricultores como Dekalb (sementes de milho e colza), Seminis (sementes hortícolas) ou De Ruiter (sementes hortícolas).
A aquisição pela Bayer da Monsanto, a maior já realizada por uma companhia alemã no exterior, foi anunciada em junho passado, fazendo a gigante alemã virar a líder mundial das sementes, fertilizantes e pesticidas.
Segundo o acordo alcançado em maio como departamento de Justiça dos Estados Unidos em nome do equilíbrio da concorrência, a Bayer deve encerrar primeiro a venda de 9 bilhões de dólares de suas atividades agroquímicas, principalmente a companha alemã BASF.
Segundo especialistas do setor, os investidores tem uma visão "muito sombria" do matrimônio Bayer-Monsanto e temem que o título do grupo alemão sofra uma redução substancial em relação a seus pares.
A Bayer, que se empenhou em adquirir a Monsanto ao ponto de triplicar o valor da oferta, se concentra na necessidade de produzir mais em superfícies limitadas, por meio de uma forma de agricultura cada vez mais intensiva.
Essa aposta no longo prazo poderá se impor aos operadores "uma vez que tenham solucionado os litígios judiciais", advertiu um analista da MainFirst.