Álcool em gel (Horacio Villalobos/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 3 de abril de 2020 às 14h29.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 21h31.
A partir da semana que vem, a Basf vai começar a fabricar no Brasil um insumo fundamental para a produção de álcool gel, em falta no país, uma informação antecipada com exclusividade para EXAME. É um espessante que transforma o álcool comum, vendido pelas usinas de açúcar, em gel.
“Normalmente, era usada uma substância aqui que é produzida por poucas empresas, que não estão dando do aumento brutal da demanda”, diz Fabricio Soto, head da unidade de produtos para casa da Basf na América do Sul. “Com a crise humanitária que se instalou, fomos correndo buscar uma solução para o problema”. O álcool em gel é menos inflamável, e por isso é aprovado para uso caseiro
Em alguns telefonemas para a matriz, na Alemanha, a equipe de Soto descobriu que havia um produto no portfólio da multinacional que poderia servir para fabricar álcool gel. Em alguns dias, conseguiram o sinal verde para começar a produção na fábrica de Guaratinguetá, no interior de São Paulo.
O time de pesquisa encontrou rapidamente a formulação adequada para passar aos fabricantes de álcool gel que compram os insumos da Basf. Em menos de duas semanas, considerado um tempo recorde para a indústria, estava tudo resolvido.
A expectativa é começar a produzir centenas de toneladas do espessante nos próximos dias. Com isso, a empresa acredita que haverá um aumento na produção de álcool gel no país. “Nossa principal preocupação são os hospitais”, diz Soto.
Cerca de vinte empresas que produzem álcool gel já sinalizaram interesse pela nova formulação. “Nossa solidariedade é posta à prova em momentos de crise, e acredito que o povo brasileiro tem demonstrado um grande espírito de colaboração”, afirma Soto. “Nas empresas, também há muita gente motivada em fazer o melhor e contribuir para amenizar essa crise”.
A Basf, uma das maiores indústrias químicas do mundo, teve um faturamento global de 59,32 bilhões de euros e um lucro líquido de 8,42 bilhões de euros no ano passado. As receitas no Brasil chegaram a 2,3 milhões de euros em 2018, cerca de 70% do total gerado na América do Sul, último dado divulgado.