Vinicius Demian, bartender vencedor do World Class BR 2022 (Diageo/Divulgação)
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Publicado em 24 de junho de 2022 às 09h00.
Última atualização em 28 de junho de 2022 às 16h12.
Discreto, disciplinado e boa-praça, Vinicius Demian entrou para a história da coquetelaria brasileira nesta terça-feira, 21, ao vencer a etapa nacional do World Class 2022. Trata-se, como todo mundo sabe, do maior e mais respeitado torneio de coquetelaria do planeta — é organizado pela Diageo, líder mundial de bebidas alcoólicas destiladas.
Bartender do Santana Bar, em Pinheiros, Demian conquistou o cobiçado título de “Melhor Bartender do Brasil” depois de enfrentar dez competidores igualmente afiados. A final foi realizada durante o primeiro dia da segunda edição do Bar Convent São Paulo.
Por sinal, a próxima edição paulistana da feira, uma referência para o setor de bares e bebidas premium, já está confirmada: será de 5 a 6 de junho de 2023 no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera.
Na primeira parte da final do World Class, os competidores precisaram apresentar dois coquetéis autorais utilizando marcas ícones da Diageo — Johnnie Walker e Tanqueray Nº. Ten. Com um detalhe: um dos drinques precisava remeter à cidade natal dos concorrentes e o outro a um lugar que eles gostariam de visitar.
Quatro dos 11 finalistas foram selecionados para a fase derradeira da disputa: Ariel Todeschini, do curitibano Royalty Café; Michell Agues, do carioca Vian Ipanema; Nicola Bara, do também carioca Arataca; e, claro, Demian.
Os sete bartenders que ficaram pelo caminho foram esses: Alisson Oliveira, do paulistano Caledonia Whisky & Co; Bárbara Calheiras, do brasiliense Primo Pobre Bar; Gabriel Bueno, do curitibano Astro Lab; Jonatan Reis, do paulistano Cubo Bar; Karla Cardoso, do goiano Aquarius Marista; Marco Ruiz Junior, do sorocabano Amiiici; e Rodolfo “Bob” Ferreira, também do Caledonia.
Gustavo Guedes, do Southside, em Brasília, também chegou à final. Mas não pode participar, pois seu filho estava para nascer.
Um dos drinques que Demian desenvolveu para a etapa final ganhou o nome de The Orange Tool. Ele leva vodca Ketel One (50 ml), Club soda (40 ml), purê de laranja (60 g), bitter aromático (5 ml) e uma fatia de laranja desidratada (1 g).
Numa coqueteleira cheia de gelo, acrescente a vodca e o purê de laranja. Bata em seguida e coe a mistura, duplamente. Sirva num copo longo no estilo Highball, adicione Club Soda e mexa delicadamente. Depois é só despejar o bitter e decorar com a laranja desidratada. (Teor alcoólico = 11,2%)
Na etapa derradeira da disputa, que roubou as atenções no primeiro dia do Bar Convent São Paulo, os quatro finalistas precisaram preparar seis drinques em apenas 6 minutos com destilados da categoria Reserve da Diageo, representada pelos rótulos premium, a exemplo da vodca Ketel One.
A escolha do campeão brasileiro coube a um júri formado por cinco experts do segmento, os bartenders Kennedy Nascimento, Laércio Zulu, Marquinhos Felix, Diogo Sevilio, Gabriel Santana e Adriana Pino. Mas não só.
Por meio de um QR Code, o público da feira também pôde votar — a soma de todas as notas deu a vitória para Demian, bartender há pouco mais de seis anos.
O título lhe abre as portas para a final global do World Class, que, neste ano, será realizada em Sydney, na Austrália, entre os dias 10 e 15 de setembro.
Ao todo, 257 bartenders de 19 estados brasileiros se inscreveram para a etapa brasileira, iniciada em outubro de 2021. Após as inscrições, os profissionais participaram de sessões do World Class Studios, plataforma educacional e colaborativa desenvolvida para inspirar o mundo da coquetelaria.
Chegaram à etapa classificatória nada menos que 87 bartenders. As fases seguintes, que definiram os 12 finalistas, foram conduzidas por quatro embaixadores de rótulos da Diageo: Kennedy Nascimento, Talita Simões, Jessica Sanchez e André Bueno.
No ano passado, não dá para esquecer, o campeonato precisou mergulhar no universo digital para driblar as dificuldades impostas pela covid-19 e manter a chama da coquetelaria acessa. Daí que a edição deste ano ganhou um sabor especial.
“É a cereja do bolo de um movimento de retomada do setor”, diz Manoela Mendes, diretora do portfólio Reserve da Diageo. “Essa indústria está cada vez mais reconhecendo a importância dos bartenders. São eles que estão na ponta da cadeia, em contato com os nossos consumidores”.
Manoela faz questão de lembrar que o ofício de Demian não se resume à simples mistura de destilados e ingredientes variados. “Também se trata do que misturar e de que forma”, argumenta. “Envolve a história por trás das combinações, a origem dos ingredientes e referências a outras épocas da coquetelaria. E ainda tem o carisma que todo bartender precisa ter, a técnica e a necessidade de entender os consumidores. É um profissional que precisa ser valorizado”.
Para Patricia Borges, vice-presidente de marketing da Diageo, a comunidade de bartenders, reconhecidos e enaltecidos pelo World Class, é tão estratégica quanto a dos consumidores finais. “Quem escolhe as marcas que serão usadas nos coquetéis servidos nos bares são os primeiros”, diz ela. “E são os bartenders que ensinam os consumidores a gostar de determinado drinque”.
Lembra em seguida de uma frase repetida na indústria com frequência: “dependendo da execução de um bartender, você pode gostar mais ou menos de qualquer coquetel”.
Para ajudar a colocar os bartenders nos holofotes, vale dizer, a empresa também criou a Diageo Bar Academy, que fornece diversos módulos de treinamentos para bartenders em mais de 40 países.
Outra iniciativa cujo objetivo é parecido ganhou o nome de Learning For Life. Trata-se de um programa de capacitação profissional na carreira de bartender voltado para adultos desempregados ou em situação de vulnerabilidade social. Já formou mais de 22 mil pessoas, entre as quais a bartender Bianca Lima, campeã do World Class Brasil 2021.
“Estamos comprometidos em liderar a cultura da coquetelaria no Brasil e o crescimento dela”, afirma Paula Lindenberg, presidente da Diageo no país. “O World Class Brasil consagra o bartender que vai concorrer com os melhores do mundo em Sydney, na Austrália, e também ajuda a elevar a profissão, inspirando novos profissionais a abraçá-la”.